Riqueza da arte naval é mostrada no projeto “Iconografias do Maranhão”
“Uma imagem vale mais que mil palavras”. Esta frase representa a importância da imagem como forma de linguagem. De fato, imagens podem ser formas de expressão, e podem contribuir para a conservação de memórias e identidades culturais. Dentro desse contexto a professora mestre Raquel Gomes Noronha, do Departamento de Desenho e Tecnologia da Universidade Federal do Maranhão – UFMA coordenou o projeto Iconografias do Maranhão: embarcações e manguezais, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA.
O trabalho, iniciado em 2010, utilizou registros de imagens da comunidade naval localizada na área do Itaqui Bacanga. O objetivo central do projeto foi construir a iconografia, ou seja, o conjunto de imagens que representassem a comunidade local, visando a preservação da identidade cultural e a valorização dos ofícios dos trabalhadores navais da área, com vistas também para o aumento da produtividade. Dessa forma, os pesquisadores visaram mapear os saberes e fazeres tradicionais da carpintaria naval, da pintura de letras dos nomes das embarcações e também mostrar, por imagens, a relação destes artesãos e o meio onde trabalham – os manguezais da ilha.
Essa foi a terceira fase do projeto “Iconografias do Maranhão”, que atualmente encontra-se na quinta etapa. De acordo com a prof. Raquel Noronha, “a proposta consistiu em mapear visualmente os elementos visuais da produção das embarcações tradicionais na área Itaqui-Bacanga, em seus diversos portos. Muitos deles já encontram-se desativados, mas foi possível encontrar carpinteiro e pintores navais que ainda mantêm sua atuação nesta área. De uma forma mais ampla, o intuito da pesquisa é tangibilizar o imaginário da cultura e compartilhar através de ícones”.
A equipe de pesquisadores tomou como uma das bases para o estudo a experiência de Luiz Phelipe Andrés, autor do livro “Embarcações do Maranhão”, do qual obtiveram informações sobre o processo produtivo e os entraves enfrentados pelos operários navais para a prática de seu ofício na contemporaneidade.
Inicialmente foi realizado o mapeamento da área, estabelecendo o primeiro contato com a cultura material e com os ícones que representavam a comunidade. Logo após, foram realizadas entrevistas com os operários navais e integrantes de suas famílias. E, finalmente, foi feito o levantamento fotográfico, a partir das indicações das entrevistas.
A partir das fotografias e dos dados extraídos nas entrevistas, a equipe desenvolveu um folder que contém depoimentos dos artesãos, desenhos dos nomes das embarcações (curiosos e criativos), assim como um artigo dos pesquisadores Alberto Greciano e Gabriela Piccolo, sobre o documentário que realizaram no interior do estado, sobre o mesmo tema. Dessa forma, as pessoas que visitarem essa localidade poderão levar consigo um pouco da vida desses profissionais locais. A equipe desenvolveu também adesivos com ícones de representação local.