Sistema via satélite monitora floresta alagada no Amazonas e ajuda na conservação

SIMA_-_Monitoramento_na_Amazonia
Por Ivanildo Santos 4 de agosto de 2009

Pela primeira vez um sistema de monitoramento que integra estratégias de conservação do meio ambiente amazônico é instalado em uma região inteiramente composta por florestas alagadas. O Sistema Automático de Monitoramento Aquático (Sima) está operando desde junho em uma plataforma flutuante no Lago Mamirauá, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas (AM).

O Sistema começou a coletar dados que permitirão respostas a diversas questões de pesquisas em andamento, dentre as quais a que estuda o padrão de distribuição espacial da abundância do pirarucu (Arapaima gigas) nos lagos da Reserva Mamirauá. Peixe de alto valor comercial, o pirarucu só pode ser pescado em áreas de manejo – caso de Mamirauá – e de cativeiro. Em qualquer outra situação sua pesca é proibida. O objetivo do estudo é entender como variáveis ambientais, dentre elas os pulsos de inundação e seu impacto sobre as propriedades da água, afetam essa espécie. As informações adquiridas a partir daí contribuirão com as estratégias de manejo desse peixe.

Além de atender as pesquisas, o Sima também permitirá comparar informações de Mamirauá, área praticamente sem impactos humanos e com regras de manejo, com as coletadas no Lago Grande de Curuaí. O lago que também fica no Amazonas está localizado em uma região degradadaSIMA_-_Monitoramento_na_Amazonia e que sofre com a ação do homem. “O Sima permite, teoricamente, que se separe o sinal das forças naturais sobre o ambiente aquático daquele produzido pelas ações humanas. Assim essa comparação dará respostas úteis sobre esses dois ambientes”, explica a pesquisadora Evlyn Márcia Leão de Moraes Novo, da Divisão de Sensoriamento Remoto da Coordenação de Observação da Terra do Inpe.

O Sima mede diversas variáveis ambientais a partir de sensores colocados acima da linha de água, entre elas direção e intensidade de ventos, radiação solar incidente e refletida e temperatura do ar. Já abaixo da linha d´água, ele mede variáveis como turbidez e pH. Esses dados são adquiridos em alta freqüência e transmitidos, em média a cada hora, por satélites brasileiros. “Entender como as propriedades físico-químicas da água se modificam ao longo do tempo, com que freqüência, como são afetadas pelas variáveis climáticas, pode ajudar a melhorar as estratégias de manejo dos recursos não apenas na Reserva, mas também em outros locais”, explica Evlyn.

Cooperação

A iniciativa de instalação do Sima é do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM/MCT), organização cogestora da Reserva Mamirauá, e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), duas das seis organizações que integram a Rede Geoma, do Ministério da Ciência e Tecnologia. O principal objetivo dessa rede é o desenvolvimento de modelos que avaliem e prevejam cenários de sustentabilidade na Amazônia e que contribuam para a formulação de políticas públicas.

O Sima instalado em Mamirauá foi construído no Inpe, sob a gerência de José Luiz Stech, pesquisador que integrou a equipe de desenvolvimento de um sistema parecido que opera em oceanos e que também atua na Divisão de Sensoriamento Remoto da organização.

O sistema foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT). Também recebeu apoio da Rede Geoma e recursos da Coordenação de Observação da Terra do Inpe e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O transporte do equipamento para Mamirauá foi apoiado pelo Comando Geral do Ar (CONGAR) e pelo Exército Brasileiro.