Sinergia científica
Reitores de 75 universidades de 12 países da América Latina e da Península Ibérica se reuniram na segunda-feira (21/9), na reitoria da Universidade de São Paulo (USP), para formalizar a criação da Rede Ibero-americana de Universidades de Pesquisa (Ridup). O principal objetivo da iniciativa é promover a integração das instituições, proporcionando parcerias nas atividades de pesquisa.
A cerimônia de lançamento da Ridup teve à frente a reitora da USP, Suely Vilela – escolhida para dirigir o comitê diretivo da nova rede –, e o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Espanholas, Federico Gutiérrez-Solana, que representou o ministro da Educação da Espanha, Angel Gabilondo.
Além dos reitores, participaram do evento o presidente da FAPESP, Celso Lafer, e o presidente do Grupo Santander, Emílio Botín. A FAPESP e a rede Universia, apoiada pelo Grupo Santander, tiveram participação ativa na articulação da nova rede.
De acordo com Gutiérrez-Solana, para compor a rede foram escolhidas as 75 universidades com produção científica mais expressiva na Espanha e no continente latino-americano.
“A iniciativa englobou as instituições listadas como mais produtivas, com base em indicadores internacionais. O objetivo desse acordo de colaboração em pesquisa é aproveitar a sistemática do trabalho em rede para criar uma sinergia científica que potencializará ainda mais a consistente produtividade dessas instituições”, disse à Agência FAPESP.
Segundo Gutiérrez-Solana, a excelência científica de cada uma das universidades deverá se tornar mais sólida com o apoio à diversidade que caracteriza o conjunto da rede.
“Teremos uma excelência apoiada na diversidade. Isso permitirá ações complementares e a otimização dos recursos. Poderemos nos dedicar àquilo em que somos melhores para apoiar todos os outros. Com isso, queremos gerar um entorno de conhecimento que viabilize sua transferência à sociedade – sendo que o desenvolvimento e o bem-estar social também são objetivos da iniciativa”, explicou.
Um comitê diretivo foi formado para dirigir as atividades e trabalhos. O cronograma de ação ainda não foi definido, mas a expectativa é que seja feito um diagnóstico das parcerias existentes entre as universidades que compõem a rede para fundamentar um planejamento da expansão das atividades.
“Ainda temos que estruturar a metodologia de trabalho. O que está definido é que o comitê acompanhará as atividades que devem ser realizadas e, a partir daí, definirá estratégias comuns. Teremos reuniões anuais com todos os participantes. Uma rede de 65 sócios não é fácil de gerenciar e, portanto, vamos ter que garantir uma estrutura executiva que será o tema da primeira discussão do grupo”, disse.
Gutiérrez-Solana contou que a Ridup nasceu a partir da articulação feita em torno da rede Universia. “Trata-se de uma rede composta de redes nacionais que é uma grande ferramenta de apoio às universidades. A Universia se caracterizou com um elemento catalisador fundamental para essa nova rede”, afirmou.
De acordo com o presidente da FAPESP, o lançamento da Ridup condiz com a importância da ciência e do desenvolvimento tecnológico para o crescimento das nações. “A FAPESP sempre considerou, desde sua fundação, que a ciência é o caminho para o desenvolvimento e tem investido em todas as áreas do conhecimento”, disse.
Lafer apresentou, durante o evento, a palestra “Políticas de apoio à Ciência e Tecnologia: setores público e privado”, na qual enfocou o papel da Fundação nesse contexto. Segundo ele, uma dos principais vantagens da Ridup é o fato de ter sua conformação fundamentada na ideia do trabalho em rede.
“Sem a ideia de rede não se faz avanço do conhecimento, nem se consegue estabelecer parcerias entre universidades e empresas. A Ridup trará um considerável impulso à produção científica desses países. E é com a ciência que enfrentaremos os desafios das nossas sociedades e poderemos ampliar o controle sobre o nosso próprio destino”, disse.
Compromisso fundador
Suely Vilela explicou que o lançamento da rede faz parte das comemorações dos 75 anos da USP. “Ao lançar a rede, a USP manifesta o reconhecimento de que suas conquistas nesses 75 anos tiveram apoio público e privado, de instituições como a FAPESP – que é a grande propulsora do desenvolvimento científico no nosso Estado – e o Grupo Santander, um exemplo de empresa que canaliza suas ações no ensino superior”, destacou.
Segundo ela, os laços culturais e históricos que unem os países integrantes da Ridup podem se fortalecer pela integração entre as universidades participantes da rede. “Temos desafios estratégicos comuns e estamos em busca de soluções criativas para esses desafios”, disse.
A rede se propõe a impulsionar e dar continuidade às pesquisas desenvolvidas pelas universidades signatárias, dedicando-se também à formação de pesquisadores e à implantação de projetos de investigação e programas comuns de formação de pós-graduandos, além da transferência dos conhecimentos gerados. “O cumprimento desses objetivos dependerá essencialmente do compromisso que assumem agora as universidades fundadoras”, apontou a reitora.
De acordo com Emílio Botín, os resultados científicos aplicados em áreas como medicina, agricultura e meio ambiente converteram definitivamente a ciência e a tencologia em fatores básicos da atividade humana. Por isso, segundo ele, o apoio à investigação científica deve ser uma parte fundamental das políticas públicas e das estratégias empresariais.
“As universidades, na sociedade de conhecimento, devem adotar um modelo que se baseie em uma postura científica crítica, inovadora, empreendedora e internacional, que incorpore novas pautas para converter-se em motor do desenvolvimento sustentável e do progresso social”, disse.