Série “Mulheres de Ciência” para reverenciar o 8 de março, Dia Internacional das Mulheres

Por Leidyane Ramos 7 de março de 2018

Maria Mary Ferreira

É professora do Departamento de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão. Graduada em Biblioteconomia. Possui especialização em Organização de Arquivos pela USP e em Metodologia do Ensino Superior (UFMA). Mestrado em Políticas Públicas (UFMA), além de doutorado em Sociologia pela Universidade Estadual Paulista. Fez Estágio doutoral na Universidade de Coimbra em Portugal. É autora dos livros: “Vereadoras e Prefeitas: ação política e gênero”; “Os Bastidores da Tribuna: mulher, política e poder no Maranhão; “As Caetanas vão à luta: feminismo e políticas públicas”. Atua nos temas: mulher, relações de gênero, cidadania, políticas públicas, informação e poder, bibliotecas públicas e escolares. Membro da Coordenação Estadual do Fórum Maranhense de Mulheres. Professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas/UFMA. 

 

“O direito à educação foi negado às mulheres durante séculos. Essa negação foi responsável pela interdição das mulheres em um campo ainda muito masculino: a ciência. Mesmo assim, mulheres como Hipátia de Alexandria (350 d.C.- 415 d.C), a polonesa Marie Curie e a médica brasileira Nise da Silveira foram mulheres que superaram as muitas formas de interdição impostas pela sociedade patriarcal e trouxeram um olhar diferenciado para o fazer ciência. Ao analisar o papel da mulher na ciência no atual contexto, observamos que sua presença nos laboratórios e nos campos de pesquisa tem trazido um olhar diferenciado sobre a sociedade. As mulheres veem o mundo diferente dos homens e vice-versa. Veja os estudos sobre mercado de trabalho. Quando você analisa sobre a ótica de gênero, vai perceber que as mulheres trabalham mais, ganham menos e estão em menor número em cargos de chefias. Quando se faz o recorte de raça e etnia neste mesmo tipo de estudo, percebe-se que o mundo do trabalho reserva às mulheres negras os lugares mais subalternos e os mais baixos salários. Considero que são as mulheres que trouxeram este outro modo de construir Ciência, desvendando o que a sociedade androcêntrica não consegue ver.Ressalta-se que o acesso às Universidades no início do século XX foi, sem dúvida, a primeira grande conquista, pois oportunizou às mulheres capacidade de racionalizar, produzir conhecimento em diversos campos e contribuir para o desvendamento de problemas que a sociedade vem enfrentando ao longo dos séculos. Outra grande conquista é a entrada nos programas de pós-graduação onde as mulheres hoje são maioria em muitas universidades, o que denota que estamos superando muitos dos entraves impostos pela educação de gênero e pela sociedade patriarcal em que se vive.Considero como um desafio à inserção das mulheres nos campos das Ciências Exatas: Matemática, Ciência da Computação, as Engenharias, Física e Química continuam sendo áreas extremamente masculinas. São campos ainda “interditados” às mulheres e essa interdição é fruto da educação de gênero que reproduz valores que levam as meninas ao distanciamento da Matemática (disciplina chave para quem escolhe estas áreas), dificultando seu acesso a estas áreas. Muitos estudos realizados por pesquisadoras matemáticas apontam este problema que se agudiza pela cultura patriarcal que ainda impera na pedagogia de muitos professores. Outra grande dificuldade é a falta de creches nas universidades, oque leva muitas mulheres a interromperem seus estudos pela falta de espaço para deixar seus filhos, dada às condições sociais da maioria das universitárias”.