Seca na Região Nordeste deve se agravar no próximo trimestre, aponta a Previsão Climática Sazonal

Por Ivanildo Santos 24 de janeiro de 2017

O quadro de seca na Região Nordeste, que já se estende por cinco anos, deve se agravar entre os meses de fevereiro e abril. É o que aponta a Previsão Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), é elaborada pelo Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal (GTPCS), que tem a participação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O documento reforça a preocupação com o quadro hídrico da região, isso porque a tendência é que os reservatórios não devem ter recuperação significativa durante a estação chuvosa – a previsão é que as precipitações ocorram abaixo da média histórica. Os pesquisadores alertam para “acentuado risco” de esgotamento da água armazenada em represas e açudes entre novembro deste ano e janeiro de 2018 nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

“O que mais preocupa é o Nordeste. É o quinto ano de seca e a tendência é que seja de menos chuvas ainda. Eles já estão no plano B. E a tendência é piorar, com impactos sociais e econômicos significativos, se esse quadro se confirmar”, afirma o coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden, José Marengo.

Outra área que desperta atenção pela questão da estiagem é o extremo norte da Região Norte, especialmente nas áreas leste e nordeste de Roraima. A preocupação se deve pelo aumento do potencial de queimadas a partir de fevereiro.

“As temperaturas mais altas e a seca elevam o risco de focos de incêndio, que podem se alastrar por grandes áreas de floresta. Se a cobertura vegetal diminui, o solo fica mais exposto e gera um aumento maior na temperatura. É um círculo vicioso”, diz o pesquisador do Cemaden.

Centro-Oeste
Nas últimas semanas, o Distrito Federal passou a viver um regime de racionamento de água, devido ao baixo nível do principal reservatório da unidade federativa. José Marengo explica que a formação de nuvens de chuva se concentram na Região Sul e há a possibilidade de que elas não tenham fôlego para chegar à região central do país.

“Há dificuldade de previsão dessa área. Mas, como as chuvas estão se concentrando no Sul, pode ser que elas não cheguem ao Brasil central. Então, pode ser que haja deficiência de precipitação nessa área. Precisamos avaliar os modelos de previsão continuamente para traçar um quadro”, finalizou José Marengo.