Pesquisadores do Maranhão preservam Patrimônio Pré-Histórico do Estado
Uma das descobertas mais importantes da paleotologia brasileira foi feita no Maranhão: o maior dinossauro carnívoro do Brasil, o Oxalaia quilombensis, apresentado no mês passado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A relevância científica do achado lançou luzes sobre a retirada de fósseis em terras maranhenses para serem estudados por cientistas de instituções de outros Estados.
As partes do maxilar e dentes do Oxalaia foram encontradas em 1999, na Ilha do Cajual, em Alcântara, e levados para o Estado do Rio de Janeiro, sem autorização de qualquer órgão Maranhense ou Federal, em desacordo a legislação quanto ao transporte de fósseis. Para manter esse tipo de patrimônio no Estado do Maranhão, foi estruturado na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) um Núcleo de Pesquisas em Paleontologia, que recebe apoio de instituições como a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA). No Brasil, fósseis de dinossauros, por exemplo, são encontrados no Maranhão, Piauí, São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Mato Grosso.
O fóssil em questão está agora no Museu Nacional, conforme informações do pesquisador Manuel Alfredo Araújo Medeiros, da UFMA e do Centro de Estudos de História Natural e Arqueologia do Maranhão. “Possivelmente, outros achados serão anunciados pelos pesquisadores do Rio, porque eles levaram muito material”, observa. Um grupo de pesquisadores maranhenses fazia parte da equipe que encontrou o sítio, segundo informou Medeiros, destacando que a área tomada para pesquisas na Ilha do Cajual é de apenas quatro hectares.
No mesmo local, já foram descobertas espécies inéditas no mundo, como a Arraia Espadarte, que teria habitado a região 95 milhões de anos atrás. Mas, neste caso, o fóssil foi localizado e estudado pelo grupo maranhense. As pesquisas na Ilha do Cajual têm ajudado a reconstituir a história do Maranhão no Cretáceo Médio e a apresentar mais provas para a teoria da Deriva Continetal, segundo a qual os continentes estavam unidos, há cerca de 200 milhões de anos, em um só.
O supercontinente, denominado Pangeia, fragmentou-se até formar os continetes como os conhecemos hoje. “Somos um pedaço bastante importante desse quebra cabeça. Já conseguimos mostrar que a fauna do nordeste do Brasil nessa época era muito mais norte-africana do que do resto da América do Sul. Essa é uma revelação importante, com implicações para a geografia histórica, para a biologia e a evolução”, explica o Medeiros.
Novas descobertas
Em parceria com a Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Rio Claro e Universidade de São Paulo (USP) – Ribeirão Preto, os pesquisadores estão prestes a publicar novos achados da Ilha do Cajual. Na próxima edição da revista “Anais da Academia Brasileira de Ciência”, que é de circulação internacional, será anunciada a descoberta de uma nova espécie e gênero de peixe pulmonado.
Uma publicação argentina, com veiculação prevista para julho, divulgará a teoria de que a região de Alcântara era uma grande área de reprodução de pterossauros, os répteis voadores; uma espécie de ninhal dos animais. No sítio, têm sido revelados bastante fósseis sobre o animal, assim como acontece em Araripe/CE, nos Estados Unidos e na Europa. Até o final do ano, os pesquisadores apresentarão, também, a serpente mais antiga já encontrada no Brasil.
Com financiamento da FAPEMA, por meio do Edital Universal, estão sendo feitas escavações no município de Brejo, que possui uma grande concentração de calcário (uma rocha branca). Lá, existiu um lago salgado e estão sendo encontrados peixes, moluscos e crustáceos fossilizados. O Vale do Itapecuru também foi mapeado e é considerado promissor. “Acreditamos que ali podem surgir achados novos importantes”, revelou Medeiros.
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