Pesquisadores da UEMA desenvolvem estudo com rebanhos caprino e ovino

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Por Ivanildo Santos 22 de setembro de 2015

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A pesquisa “Sanidade de Caprinos e Ovinos em Rebanhos do Estado do Maranhão, Brasil”, financiada pelo edital Universal da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), tem o propósito de avaliar a condição sanitária destes rebanhos e é desenvolvida nas regionais de Itapecuru-Mirim e Chapadinha, que se destacam como polos criadores destes animais no estado.

O projeto foi além e o tema provocou o desenvolvimento de duas dissertações de mestrado, duas iniciações científicas e uma iniciação de extensão.

O trabalho de campo é coordenado pelo Professor Doutor Helder de Moraes Pereira com a colaboração de pesquisadores e seis alunos de graduação, dois de mestrado acadêmico e um de mestrado profissionalizante da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).

Natural do Piauí, estado que tem o maior rebanho de caprino do Nordeste, o professor Helder acredita que esta seja a razão para gostar tanto de trabalhar com bodes, cabras, ovelhas e carneiros. Ele é médico veterinário “por vocação”, graduado e mestre em Ciência Animal pela Universidade Federal do Piauí, doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, professor adjunto IV do curso de Medicina Veterinária da Uema, disciplina Clínica Médica e Terapêutica de Ruminantes, professor orientador dos Programas de Pós-graduação em Ciência Animal e em Defesa Sanitária Animal. Atua principalmente em clínica médica e cirúrgica de ruminantes domésticos e diagnóstico, epidemiologia e controle das enfermidades de ruminantes domésticos.

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A equipe está avaliando 1440 animais de 144 rebanhos distribuídos nas cidades componentes das respectivas regionais. O diagnóstico de doenças bacterianas e virais como Maedi visna, Língua azul, Brucela ovis, Ectima contagioso, Artrite encefalite caprina e Leptospirose, será determinado mediante técnicas recomendadas pela Organização Internacional de Epizootias (OIE). As técnicas empregadas são IDGA e ELISA.

Professores-pesquisadores e alunos buscam atingir a elaboração de um cronograma sanitário adequado para a região estudada, bem como, auxiliar os criadores na implantação de um manejo sanitário adequado em suas propriedades.

“Esta pesquisa permitirá após o seu término a elaboração de um manejo sanitário adequado para os criadores daquela região, bem como, identificar as falhas de manejo que mais ocorrem”, informa o coordenador da pesquisa, o professor Helder Pereira.

Os estudos em meio a rebanhos tão especiais para a economia e subsistência daquela região têm resultados divulgados por meio de resumos, que foram apresentados no XI Congresso Brasileiro e no XVII Congresso Latinoamericano de Buiatria em julho de 2015, com os títulos Infecção pelo vírus da artrite encefalite caprina em rebanhos caprinos na regional de Chapadinha Maranhão, Brasil”; “Ocorrência do vírus da cae em rebanhos caprinos dos municípios que compõem a regional de Itapecuru-Mirim Maranhão, Brasil”; “Maedi-visna: diagnóstico e fatores de risco em ovinos das regionais de Chapadinha e Itapecuru-Mirim, Maranhão, Brasil”.

A presença da equipe da UEMA na região abre novas perspectivas em qualidade para o sistema de criação dos rebanhos. “A caracterização zootécnica possibilitará a transferência de tecnologias simples e eficazes, visando aprimorar o sistema de criação, tais como, a construção de instalações de forma correta, escrituração zootécnica dos animais e melhoramento genético do rebanho. Isso permitirá agregar valor ao produto e, consequentemente, maior consolidação desta cadeia produtiva no estado”, enfatiza Pereira.

DOENÇAS

Artrite

A Artrite Encefalite Caprina é uma enfermidade causada por um vírus do gênero Lentivirus que possui um longo período de latência. A transmissão ocorre pela ingestão de leite e colostro (líquido amarelado secretado pelas glândulas mamárias, alguns dias antes e depois do parto) contaminados, contato direto com animais infectados e por meio de objeto ou material que pode alojar um agente infeccioso e permitir a sua transmissão.

Uma vez infectados, os caprinos podem desenvolver artrite, encefalite e mamite endurativa. Este estudo serviu para determinar a frequência de anticorpos contra o vírus da artrite encefalite caprina nos rebanhos de caprinos de Chapadinha. Foram coletadas 730 amostras de sangue de caprinos de ambos os sexos, com ou sem sinais clínicos de infecção pelo vírus da Artrite Encefalite Caprina, de diferentes raças e idades, provenientes de 73 rebanhos distribuídos nos Municípios de Água Doce, Anapurus, Araioses, Brejo, Buriti, Chapadinha, Magalhães de Almeida, Paulino Neves, Santa Quitéria do Maranhão, São Bernardo e Tutóia. Dentre os municípios amostrados, 18,01% (211) apresentaram pelo menos um animal reagente. Foram detectados caprinos soro-logicamente positivos em 2,74% (2/73) das propriedades avaliadas.

Dois animais foram sororreagentes para o vírus, em amostras provenientes dos Municípios de Brejo e Magalhães de Almeida, 2,0% (1/50) e 0,45% (1/220), respectivamente. Os resultados obtidos nesta pesquisa permitiram concluir que a ocorrência da infecção pelo vírus da artrite encefalite caprina na regional de Chapadinha é baixa, no entanto, ainda tornam- se necessárias adoção de medidas sanitárias visando maior controle desta enfermidade.

O vírus da CAE

Ocorrência do vírus da cae em rebanhos caprinos dos municípios que compõem a regional de Itapecuru-Mirim. A Artrite Encefalite Caprina (CAE) encontra-se mundialmente distribuída, apresentando alta prevalência na caprinocultura,
principalmente quando o regime de criação é intensivo onde a proximidade dos animais favorece a sua disseminação.

A equipe conseguiu determinar a frequência desta lentivirose nos rebanhos caprinos de Itapecuru-Mirim. Foram coletadas 530 amostras de sangue de caprinos de ambos os sexos, com ou sem sinais clínicos de infecção pelo vírus da artrite encefalite caprina, de diferentes raças e idades, provenientes de 53 rebanhos distribuídos nos municípios de Anajatuba, Cantanhede, Itapecuru-Mirim, Matões do Norte, Miranda do Norte, Nina Rodrigues, Pirapemas, Presidente Vargas, Santa Rita e Vargem Grande.

Dentre os municípios amostrados, 20% (210) apresentaram pelo menos um animal reagente. Foram detectados caprinos sorologicamente positivos em 3,77% (2/53) das propriedades avaliadas. Três animais foram sororreagentes para o vírus, em amostras provenientes dos municípios de Cantanhêde e Pirapemas, 3,34% (2/60) e 1,0% (1/100), respectivamente.

Os resultados obtidos nesta pesquisa permitiram concluir que a ocorrência da infecção pelo vírus da artrite encefalite caprina na regional de Itapecuru é baixa, e ressalta-se a importância de medidas de prevenção e controle para diminuir a ocorrência da artrite encefalite caprina e evitar a sua disseminação.

Contágio

A transmissão ocorre através da ingestão de leite e colostro contaminados, contato direto com outros animais e por meio possíveis fatores de riscos associados a sua presença. Foram coletadas 10 amostras de sangue de ovinos, independente de sexo,
raça ou idade, de 115 rebanhos. Dentro da Regional de Chapadinha foi contemplado o total de 600 amostras, distribuídas entre os do Maranhão, São Bernardo e Tutóia. Na Regional de Itapecuru-Mirim foram coletadas 550 amostras, dentre os Municípios de
Santa Rita e Vargem Grande, totalizando 1.150 animais e foi aplicado um questionário epidemiológico.

Após o término da prova sorológica observou-se que na Regional de Itapecuru-Mirim apenas um animal, ou 0,08%, proveniente do Município de Matões do Norte, reagiu ao teste, enquanto que na Regional de Chapadinha nenhum animal, ou 100%, reagiu, resultados estes que corroboram com outros estudos realizados tanto no Brasil quanto em outros países.

Portanto, concluiu-se que um animal reagiu à MV, na Regional de Itapecuru-Mirim, pertencente ao município de Matões do Norte e que não foi possível estabelecer um fator de risco. Entretanto, é de suma importância que se mantenha a vigilância nos rebanhos, principalmente onde houve o animal diagnosticado.

Multiplicação do conhecimento

DISSERTAÇÕES:

Caprinocultura: Diagnóstico sanitário, caracterização zootécnica, fatores de risco, georreferenciamento na regional de Chapadinha-MA, Brasil.

Infecção pelo vírus da Maedi-visna, leptospira spp, georreferenciamento de focos e perfil zootécnico de rebanhos ovinos nas regionais de Chapadinha e Itapecuru -Mirim, Maranhão, Brasil.

INICIAÇÃO CIENTÍFICA:

Ocorrência aglutininas anti-Leptospira em rebanhos caprinos na regional de Chapadinha-MA.
Frequência de anticorpos contra o vírus da Língua azul em rebanhos ovinos na regional de Chapadinha-MA.

EXTENSÃO:

Perfil dos Criadores de Caprinos e ovinos e caracterização zootécnica do rebanho em municípios da regional de Chapadinha-MA.

A equipe

Prof. Dr. Helder de Moraes Pereira – Coordenador/Pesquisador

Prof. Dr. Hamilton Pereira Santos – Vice-coordenador/Pesquisador

Rafael Rodrigues Soares – Médico Veterinário /Pesquisador

Falber Viana Júnior – Médico Veterinário/Pesquisador

Emerson Antônio Araújo de Oliveira – Médico Veterinário/Pesquisador

Glenda Lima de Barros – Mestre/Pesquisadora

Diego Moraes Soares Diego – Médico Veterinário/Pesquisador

Ana Beatriz Américo Pereira – Estudante/Iniciação Científica

Jéssica Lobo Albuquerque – Estudante/Iniciação Científica

Priscila Alencar Bezerra Priscila – Estudante/Iniciação Científica

Carolina Rodriques Torres da Costa – Estudante/Colaboradora

Thais Bastos – Estudante/Bolsista de Extensão