Pesquisadora apresenta indícios históricos contra a ideia da fragilidade feminina

dedicatria
Por Ivanildo Santos 14 de setembro de 2011

dedicatriaUma pesquisa de base histórica trouxe novos indícios para refutar a ideia de que mulher é o sexo frágil. Duzentos anos atrás, figuras femininas do Maranhão já possuiam expressiva participação na economia, na política e na movimentação do cotidiano social. O estudo foi organizado no livro Senhoras donas: economia, povoamento e vida material em terras maranhenses (1755-1822), da historiadora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Marize Helena Campos, lançado nesta terça-feira (13), no Palácio Cristo Rei.

A publicação recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA) e foi editada pela Edufma. Sem levantar bandeira feminista, a autora desconstrói os pensamentos que tentam colocar as mulheres em patamares de inferioridade. “Essa pesquisa contribui para quebrar esses discursos mitificados. É uma reflexão sobre o machismo, que faz parte de um discurso intencional”, enfatiza Marize Campos.

A pesquisadora analisou o cotidiano de mulheres dos séculos XVII e XIX, demonstrando que as mulheres enfrentam as dificuldades da lida diária muito mais força do que com fragilidades. “Então, o discurso que coloca as mulheres como sujeitos fragilizados, sem vontade, passivas e apáticas, realmente, não faz o menor sentido”, reforça Marize Campos, que buscou dados em pesquisa de campo e documentação.

palestraautgrafos

Mulheres proprietárias de São Luís, Alcântara, Rosário e Itapecuru, no período colonial, ilustram o livro. Exemplos como o de Ana Pinheiro, uma mulher aguerrida, que, à frente do seu tempo, deixou um montante dos seus bens à sobrinha, proibindo o marido de usufruir da herança.

Essas mulheres não aparecem na obra em forma heróica. A intenção da autora é recontar a história de figuras femininas e posicioná-las como sujeitos históricos dinâmicos.

Cerimônia

Na cerimônia de lançamento, o reitor em exercício da UFMA, Antônio Oliveira, exaltou a política de apoio à publicação da FAPEMA. Ele assegurou, ainda, que a universidade está reestruturando seu parque gráfico e que um comitê científico já foi formado para conduzir as publicações dos pesquisadores da UFMA.