Pesquisa sobre parasitas que afetam espécie de peixe da Bacia do Rio Tocantins é apresentada no estande da Fapema na SBPC

Por Laércio Marques 9 de julho de 2024

O estande da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), na 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), apresenta estudos de pesquisadores maranhenses. Entre os projetos em evidência, está a pesquisa desenvolvida pelo graduando em Ciências Biológicas, da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (Uemasul), Gabriel Rodrigues, intitulada ‘Ocorrência de Myxobolus SP em Pseudoplatystoma fasciatum no médio curso do rio Tocantins, Imperatriz-MA’. O trabalho avalia a presença de espécie de parasita nos peixes desta região. A SBPC é realizada em Belém do Pará, até sábado (13).

O presidente da Fapema, Nordman Wall, observa que o estudo traz uma investigação importante e que terá impacto na biodiversidade aquática regional. “O trabalho é uma reflexão da necessidade de estudarmos mais a composição dos nossos ecossistemas e a Fapema está comprometida em apoiar iniciativas que promovem o conhecimento e a preservação ambiental. Este trabalho chama atenção para o tema e para a conservação da fauna aquática em nossa região. Reconhecemos os esforços destes estudos e continuaremos a incentivar projetos que contribuam para o avanço do conhecimento científico e para a sustentabilidade ambiental em nosso estado”, afirma.

No curso médio do rio Tocantins, situado na porção leste da Amazônia Legal do Brasil, está abrigada uma rica diversidade de vida aquática, incluindo microparasitos eucarióticos que estabelecem relações parasitárias com diversas espécies de peixes, com potencial zoonótico ainda pouco explorado. Entre esses parasitos, os mixozoários, pertencentes ao filo Myxozoa, são notáveis por sua capacidade de causar mixosporidioses, doenças que podem resultar em altas taxas de mortalidade globalmente. O gênero Myxobolus, alvo da pesquisa, é particularmente relevante, sendo responsável por uma significativa variedade de espécies descritas.

Já os mixozoários são organismos parasitários microscópicos com um ciclo de vida complexo, frequentemente envolvendo múltiplos hospedeiros. Eles são capazes de infectar uma ampla gama de peixes, anfíbios e até mesmo, invertebrados marinhos. A pesquisa de Gabriel Rodrigues observou que os exemplares de Myxobolus identificados, apresentam padrões morfológicos e morfométricos distintos dos previamente estudados, sugerindo a possibilidade de se tratar de uma nova espécie ainda não descrita.

O estudo apontou a presença prevalente de cistos, contendo esporos morfologicamente compatíveis com mixozoários do gênero Myxobolus nas brânquias e filamentos arqueados de Pseudoplatystoma fasciatum. As coletas foram realizadas próximo à Coquelândia, entre Tocantins e Amazonas, onde exemplares do peixe foram analisados para visualização e identificação dos parasitos. As análises histológicas revelaram que os cistos de Myxobolus sp. comprimiam o tecido das lamelas branquiais, resultando em moderada hiperplasia celular no espaço interlamelar adjacente aos cistos.

Ele destacou que a participação na SBPC proporciona visibilidade ao trabalho e contribui para o fortalecimento da pesquisa científica no Maranhão. “Foi muito gratificante poder compartilhar nosso projeto no estande da Fapema, que tem sido uma grande apoiadora e nos permitiu realizar este trabalho. Isso mostra a importância do apoio das instituições para o desenvolvimento de estudos que exploram a biodiversidade e as interações parasitárias nos ambientes aquáticos brasileiros, e nos demais temas”, enfatizou Gabriel Rodrigues.

Como continuidade do estudo, a pesquisa será expandida para investigar se os parasitos encontrados em Pseudoplatystoma fasciatum representam uma nova espécie de Myxobolus. A pesquisa também contribui para nortear políticas públicas e estimular práticas de manejo que beneficiem o meio ambiente e também, as comunidades que dependem desses recursos naturais. O trabalho foi orientado pelo doutorado em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, Marcelo Francisco da Silva.

Gabriel Rodrigues avalia que a maior contribuição do estudo, refere à identificação de que os mixozoarios são um conjunto de organismo parasitário que tem um grande foco em peixes e anfíbios e que é bem pouco compreendido pelos estudiosos. Ele ressalta que, estudar a ocorrência de parasitas ajuda a entender melhor a dinâmica ecológica e as interações entre diferentes espécies e, compreender que afetam os peixes reflete no consumo deste alimento para o ser humano.

“Considero um grande avanço para entendermos melhor a diversidade parasitária na bacia do rio Tocantins e suas potenciais implicações para a saúde dos ecossistemas aquáticos, para a aquicultura local e para o ser humano”, reiterou o pesquisador.