Pesquisa em Chapadinha pode melhorar a vida de agricultores familiares do Baixo Parnaíba

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Por Ivanildo Santos 20 de junho de 2013

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No Maranhão, especialmente na região do Baixo Parnaíba, a implantação e o manejo de sistemas agrícolas sustentáveis são os maiores desafios da grande maioria dos agricultores familiares. Muitos desses agricultores ainda adotam as queimadas como forma de preparo das áreas e utilizam a cinza para corrigir e fertilizar o solo, o que tem levado pesquisadores a buscar alternativas tecnológicas que compatibilizem a grande possibilidade de produção de biomassa, resultante de condições climáticas favoráveis, com a baixa fertilidade natural do solo.

O plantio direto em palha de leguminosas é apontado como uma forma eficiente de manter a produtividade de culturas anuais nessas regiões, porque associa no mesmo espaço – e ao mesmo tempo – o uso e a recuperação da fertilidade do solo.

No entanto, para avançar no entendimento de sistemas de baixo insumo, diversificados, produtivos e sustentáveis, são necessárias mais informações sobre as interações entre árvores, culturas e plantas daninhas. É o que a Prof. Dra. Alana Aguiar do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Federal do Maranhão (CCAA/UFMA), está buscando, através da pesquisa “Manejo de Agrossistemas Ecologicamente Adequados ao Trópico Úmido” que tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA.

“Ainda não foram devidamente abordados os potenciais efeitos dos resíduos de árvores nas culturas em condições de campo e a capacidade de reciclagem de nutrientes das árvores influenciar a qualidade dos alimentos produzidos nesse sistema”, declarou a pesquisadora. Em função disso, Alana Aguiar está desenvolvendo desde 2008 a pesquisa “Manejo de Agrossistemas Ecologicamente Adequados ao Trópico Úmido”, que tem como objetivo aprimorar o conhecimento sobre as interações biofísicas antagônicas ou benéficas entre árvores leguminosas, plantas daninhas e culturas alimentares.

O estudo está dividido em três experimentos de campo, entre 2009 e 2013. O primeiro teve início em Janeiro de 2009, no assentamento Vila União, em Chapadinha. O segundo começou em Janeiro de 2010, no assentamento Acampamento, em Brejo. E o terceiro foi iniciado em Janeiro de 2013, no Centro de Ciências Agrárias e Ambientais (CCAA). Colaboram com a pesquisa 16 orientandos: seis de doutorado, um de mestrado, três de monografia, cinco de Iniciação Científica e um de extensão. Além da professora Alana Aguiar, também estão envolvidos os pesquisadores Emanoel Gomes de Moura (UEMA), Livio Martins (CCAA) e Izumy Pinheiro Doihara (CCAA). Como dois dos experimentos são mantidos em áreas de assentamento, as comunidades de produtores familiares também estão envolvidas na pesquisa.

Benefícios – A pesquisa coordenada pela professora Alana Aguiar poderá oferecer alternativas de implantação de sistemas agronomicamente eficientes e ecologicamente adequados às condições da Agricultura Familiar do Maranhão. De acordo com a pesquisadora, metade da população do Estado ainda sobrevive no campo, praticando uma agricultura de pouca disponibilidade de nutrientes, o que contribui para a insegurança alimentar e suas consequências como desnutrição infantil e a fome oculta. “Aumentar a produtividade e a qualidade dos alimentos, por meio da associação do cultivo de alimentos biofortificados com um sistema de plantio eficiente, pode contribuir para o desenvolvimento regional, diminuindo essas mazelas que infelizmente ainda assolam a nossa região”, declarou.

Os resultados dos trabalhos estão em onze monografias e uma dissertação de mestrado, todas concluídas.