Estudo avalia gerenciamento de resíduos de serviços de saúde em hospitais de São Luís
Os resíduos de serviços de saúde (RSS) destacam-se por apresentarem potencial de risco em duas principais situações: para a saúde ocupacional de quem manuseia esse tipo de resíduo, seja o profissional da assistência à saúde ou do setor de higienização e limpeza, e para o meio ambiente, como decorrência da destinação inadequada do resíduo, alterando as características do meio.
A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) nº 306/04 e a Resolução nº 358/2005 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) definem os RSS como todo resíduo gerado em qualquer serviço prestador de assistência médica humana ou animal, classificando-os em cinco grupos: biológicos, químicos, radioativos, comuns e perfurocortantes.
Entretanto, é importante salientar que esses resíduos representam apenas uma fração inferior a 2% do total de resíduos gerados diariamente no país, sendo parte importante do total de resíduos sólidos urbanos não necessariamente pela quantidade gerada, mas pelo potencial de risco que representam.
Segundo a pesquisadora, mestre em Saúde e Ambiente e doutora em Patologia Humana, Arlene de Jesus Mendes Caldas, o risco no manejo dos RSS está principalmente vinculado aos acidentes que ocorrem devido às falhas no acondicionamento e segregação dos materiais perfurocortantes, ocasionando grande possibilidade da transmissão de doenças. “Quanto à contaminação do meio ambiente, a presença de patógenos oportunistas nos líquidos percolados da disposição final, revelam o vírus da hepatite A como principal indicador de contaminação na água e o da hepatite B como agente mais importante na contaminação do solo”, esclarece.
Para avaliar como está sendo realizado o gerenciamento dos RSS dos hospitais Gerais de médio e grande porte, públicos e privados da capital maranhense, Arlene Caldas está coordenando a pesquisa “Avaliação do gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde em São Luís-MA”.
Segundo ela, este estudo destaca-se em sua relevância científica por propor uma avaliação acerca do gerenciamento dos RSS nos hospitais de São Luís, favorecendo uma visão abrangente da situação do manejo desses resíduos em nossa cidade. “Isso nos permitirá analisar de que forma esses resíduos estão sendo gerenciados, colaborando com a identificação de práticas adequadas e/ou inadequadas e subsidiando o planejamento”, explica Arlene Caldas, que recebe apoio da FAPEMA, por meio do edital Universal, para a realização do trabalho.
A pesquisa pretende caracterizar os aspectos técnico-operacionais do manejo dos RSS e a infraestrutura disponibilizada para avaliar o gerenciamento desses resíduos e, ainda, conhecer o processo de trabalho no manejo dos RSS sob a percepção do servidor tanto da assistência à saúde quanto do setor de higiene e limpeza dos hospitais. “Além disso, pretendemos comparar o gerenciamento dos RSS entre os hospitais públicos e privados”, detalha a pesquisadora.
Para tanto, uma tese de doutorado, duas dissertações de mestrado, além de monografias de graduação estão inseridas na pesquisa para a coleta e análises dos dados.
Os resultados parciais da pesquisa têm mostrado que os hospitais avaliados apresentam um manejo avaliado como parcialmente adequado, principalmente por terem sido diagnosticadas falhas nas etapas de segregação, identificação, transporte interno e armazenamento externo dos resíduos. “No que diz respeito ao Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, um documento preconizado pela RDC n° 306/04 a todos os estabelecimentos de saúde, observou-se inadequações no Plano com ausência de informações e/ou informações incompletas quanto ao manejo dos RSS pelos hospitais pesquisados”, finaliza Arlene Caldas, que recebeu apoio da FAPEMA por meio do Edital Universal nº 001/2013 (Faixa A).