Pesquisa analisa potencial tecnológico de peles de peixes comercializados na Baixada Maranhense
Composta por 21 municípios, a Baixada Maranhense possui uma população predominantemente rural. Ela apresenta uma dinâmica ecológica ligada ao ciclo das águas pluviais e fluviais por ser banhada pelas bacias hidrográficas dos rios Mearim e Pindaré e pelas bacias secundárias dos rios Turiaçu e Pericumã.
A economia da região é basicamente de subsistência e as principais atividades econômicas são extrativismo vegetal (babaçu) e pesca. Diante disso, pesquisadores da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) estão desenvolvendo um estudo com o objetivo de analisar o potencial tecnológico de peles residuais de filetagem de pescado comercializado nos municípios de Arari e Vitória do Mearim, na Baixada Maranhense.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Raimunda Nonata Fortes Carvalho Neta, bióloga e doutora em Biotecnologia, esses dois municípios apresentam grande número de pescadores artesanais que atuam no rio Mearim.
“Os produtos oriundos da pesca na região são pouco valorizados comercialmente e os subprodutos [pele, cabeça, vísceras e nadadeiras] são descartados como resíduos, quando poderiam ser reaproveitados”, diz a pesquisadora, pós-doutora em Modelagem de Sistemas Biológicos na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Para a pesquisadora, as principais contribuições científicas e tecnológicas do estudo são a caracterização e a divulgação do potencial tecnológico de peles de peixes comercializados em Arari e Vitória do Mearim para futuro uso do melhor couro para o mercado de moda no Brasil e no exterior.
“O processo é baseado na análise histológica [tecidos] de peles residuais da filetagem do pescado, remolho, caleiro, desencalagem, purga, píquel, curtimento, neutralização, recurtimento, tingimento, engraxe, secagem e acabamento”, explica Raimunda Nonata, também coordenadora do Mestrado em Recursos Aquáticos e Pesca da UEMA.
A pesquisa também tem como objetivo: identificar as melhores espécies de peixes cujo sêmen possa ser criopreservado para operacionalização e flexibilização de programas de reprodução de espécies nativas no Maranhão; estabelecer protocolos metodológicos para o monitoramento da qualidade do pescado de maior valor comercial capturado em Arari e Vitória do Mearim; e realizar ações educativas e produção de material didático para as comunidades pesqueiras destes dois municípios.
Segundo a bióloga, o estudo vem sendo realizado desde fevereiro de 2014 e deverá ser encerrado em fevereiro de 2017. “O trabalho encontra-se na etapa de produção de material didático para as ações educativas nas comunidades pesqueiras. Já foram realizadas duas dissertações de mestrado em Recursos Aquáticos e Pesca relacionadas com a criopreservação de sêmen de espécies nativas e um trabalho de iniciação científica com o curtimento da pele de peixes”, ressalta Raimunda Nonata.