Pesquisa analisa mulheres internadas em serviço de referência de São Luís para identificar síndrome hipertensiva na gestação
Pesquisadoras do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), membros do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação e Saúde da Mulher, desenvolveram um estudo com mulheres internadas em um serviço de referência de São Luís para identificar síndrome hipertensiva na gestação. O objetivo foi conhecer as condições socioeconômicas e obstétricas das mulheres e levantar aspectos da assistência no pré-natal e as condutas instituídas na consulta.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Claudia Teresa Frias Rios, o estudo também investigou o conhecimento das mulheres sobre sua doença e o tratamento realizado, as condutas instituídas na internação, a prevalência da DHEG e suas complicações e a caracterização dos tipos de parto e sua prevalência.
A pesquisa descritiva com abordagem quantitativa foi realizada na Unidade Materno Infantil do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA), nos setores de Internação Obstétrica e Alojamento Conjunto, no período de julho a dezembro de 2015. Foram estudadas mulheres internadas com diagnóstico de hipertensão na gestação, independente da idade. Como critério de exclusão aquelas que não apresentassem condições físicas e/ou mentais apropriadas para responder ao formulário.
“O tamanho da amostra foi determinado pela média de internação por hipertensão na gestação no primeiro semestre dos anos de 2013 e 2014, respectivamente, 135 e 129, correspondendo a 132 mulheres. Porém a nossa amostra constou de 204 mulheres internadas no período estudado. Os dados foram coletados utilizando-se como instrumento um formulário semiestruturado e a coleta de dados ocorreu no turno vespertino”, explicou a coordenadora.
Os dados coletados foram armazenados em um banco de dados por meio do programa EpiInfo versão 7.0, sendo posteriormente exibidos em forma de gráficos e tabelas no programa Excel.
Segundo Claudia Teresa Frias, a prevalência de SHG entre as gestantes internadas no HUUMI foi de 11%, com predominância entre mulheres jovens, na faixa etária 25 a 34 anos, correspondendo a 71,08%, pardas (58,82), com união estável, ensino fundamental completo e procedente da capital,que possuíam baixa renda familiar, 1-2 salários mínimos (43,63%) e eram do Lar.
“A maioria primigesta com inicio do pré-natal no 1º trimestre, realizou mais de seis consultas em uma USB’s, recebeu orientações para normalizar a pressão arterial e afirmou que mudou os hábitos de vida após o diagnóstico da SHG. 88,3% sentiu confiança no atendimento prestado pela equipe multiprofissional durante internação”, disse a coordenadora.
Conforme a pesquisa, 84,9% das entrevistadas confirmaram o uso de medicação e de dieta para o controle da pressão durante a internação, sendo que destas, 99,1% fizeram uso de Metildopa. 76,3% informam ter recebido orientação da enfermagem sobre a importância da redução do sal na dieta e sobre o exame de urina das 24 horas e 86,27% disse ter sua pressão aferida só por profissionais dessa categoria.
As principais complicações maternas apresentadas foram Eclâmpsia, em 3, 20% (6) das pacientes; síndrome HELLP (2 pacientes), e 1 óbito materno. As perinatais foram prematuridade e baixo peso e 3 Rns, de pacientes com Eclampsia, evoluíram para óbito. Na análise referente ao tipo de parto realizado, ficou evidenciado o predomínio da cesariana.
Conclui-se que os resultados deste estudo se assemelham aos de outros estudos realizados no país e de outros países da América Latina e que nos casos de hipertensão na gestação, em qualquer uma de suas formas, mesmo tendo realizado pré-natal, um número significativo das mulheres podem apresentar a SHG, necessitam de internação e mesmo usando metildopa, podem evoluir para a Eclampsia ou apresentar outra complicação, acarretando prejuízos também para seus Rn’s.
“É importante que profissionais de saúde diretamente ligados à assistência no ciclo grávido puerperal busquem oferecer uma atenção de qualidade para minimizar essas complicações e reduzir os índices de mortalidade materna e fetal”, afirmou Claudia Teresa Frias Rios.
A pesquisadora ressalta que, em relação à cesárea, é necessária maior conscientização dos profissionais obstetras na aplicação de rigorosos critérios clínicos para a sua indicação em casos de hipertensão na gestação, uma vez que já está comprovado que a via vaginal é muitas vezes a melhor opção de parto para esse grupo, principalmente naquelas que evoluem sem nenhum tipo de complicação.
Vale observar no contexto geral, o bom atendimento prestado durante a internação, minimizando os agravos e resultados insatisfatórios, como óbitos materno e fetal.
“Cabe destacar que esta pesquisa foi descritiva não usando análises estatísticas multivariadas para buscar associações entre causas e desfechos, mas teve uma amostra significativa e apresenta dados atuais e relevantes sobre o evento ‘hipertensão na gestação’, que podem ser úteis para novos estudos”, ressaltou a pesquisadora.
Além da coordenadora Claudia Teresa Frias Rios, participaram do estudo as professoras Luzinéa de Maria Santos Frias e Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa, a enfermeira/especialista Lívia Cristina Frias da Silva e seis acadêmicos de Enfermagem, Jéssica Salazar de Melo, Géssica Wendy dos Prazeres Oliveira, Natany Sampaio Santos, Rafael Silva dos Santos, Rayssa Alessandra Godinho de Sousa e Renata Karine Dominice de Souza.
O projeto de pesquisa teve aprovação da Comissão Científica do Hospital Universitário (COMIC), sob o parecer nº 013/2015, e do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Maranhão por meio do Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE). A pesquisa deu origem a cinco trabalhos de conclusão de curso da graduação e uma da residência médica, dois bolsistas do PIBIC com trabalhos apresentados na 27ª SEMIC e outro a ser apresentado na 8ª JOINP.