Pesquisa analisa mulheres internadas em serviço de referência de São Luís para identificar síndrome hipertensiva na gestação

Por Ivanildo Santos 6 de setembro de 2017

hipertensao-fapema1Pesquisadoras do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), membros do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação e Saúde da Mulher, desenvolveram um estudo com mulheres internadas em um serviço de referência de São Luís para identificar síndrome hipertensiva na gestação. O objetivo foi conhecer as condições socioeconômicas e obstétricas das mulheres e levantar aspectos da assistência no pré-natal e as condutas instituídas na consulta.

De acordo com a coordenadora da pesquisa, Claudia Teresa Frias Rios, o estudo também investigou o conhecimento das mulheres sobre sua doença e o tratamento realizado, as condutas instituídas na internação, a prevalência da DHEG e suas complicações e a caracterização dos tipos de parto e sua prevalência.

A pesquisa descritiva com abordagem quantitativa foi realizada na Unidade Materno Infantil do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA), nos setores de Internação Obstétrica e Alojamento Conjunto, no período de julho a dezembro de 2015. Foram estudadas mulheres internadas com diagnóstico de hipertensão na gestação, independente da idade.  Como critério de exclusão aquelas que não apresentassem condições físicas e/ou mentais apropriadas para responder ao formulário.

“O tamanho da amostra foi determinado pela média de internação por hipertensão na gestação no primeiro semestre dos anos de 2013 e 2014, respectivamente, 135 e 129, correspondendo a 132 mulheres. Porém a nossa amostra constou de 204 mulheres internadas no período estudado. Os dados foram coletados utilizando-se como instrumento um formulário semiestruturado e a coleta de dados ocorreu no turno vespertino”, explicou a coordenadora.

altOs dados coletados foram armazenados em um banco de dados por meio do programa EpiInfo versão 7.0, sendo posteriormente exibidos em forma de gráficos e tabelas no programa Excel. 

Segundo Claudia Teresa Frias, a prevalência de SHG entre as gestantes internadas no HUUMI foi de 11%, com predominância entre mulheres jovens, na faixa etária 25 a 34 anos, correspondendo a 71,08%, pardas (58,82), com união estável, ensino fundamental completo e procedente da capital,que possuíam baixa renda familiar, 1-2 salários mínimos (43,63%) e eram do Lar.

“A maioria primigesta com inicio do pré-natal no 1º trimestre, realizou mais de seis consultas em uma USB’s, recebeu orientações para normalizar a pressão arterial e afirmou que mudou os hábitos de vida após o diagnóstico da SHG. 88,3% sentiu confiança no atendimento prestado pela equipe multiprofissional durante internação”, disse a coordenadora.

Conforme a pesquisa, 84,9% das entrevistadas confirmaram o uso de medicação e de dieta para o controle da pressão durante a internação, sendo que destas, 99,1% fizeram uso de Metildopa. 76,3% informam ter recebido orientação da enfermagem sobre a importância da redução do sal na dieta e sobre o exame de urina das 24 horas e 86,27% disse ter sua pressão aferida só por profissionais dessa categoria.

As principais complicações maternas apresentadas foram Eclâmpsia, em 3, 20% (6) das pacientes; síndrome HELLP (2 pacientes), e 1 óbito materno. As perinatais foram prematuridade e baixo peso e 3 Rns, de pacientes com Eclampsia, evoluíram para óbito. Na análise referente ao tipo de parto realizado, ficou evidenciado o predomínio da cesariana.

Conclui-se que os resultados deste estudo se assemelham aos de outros estudos realizados no país e de outros países da América Latina e que nos casos de hipertensão na gestação, em qualquer uma de suas formas, mesmo tendo realizado pré-natal, um número significativo das mulheres podem apresentar a SHG, necessitam de internação e mesmo usando metildopa, podem evoluir para a Eclampsia ou apresentar outra complicação, acarretando prejuízos também para seus Rn’s.

“É importante que profissionais de saúde diretamente ligados à assistência no ciclo grávido puerperal busquem oferecer uma atenção de qualidade para minimizar essas complicações e reduzir os índices de mortalidade materna e fetal”, afirmou Claudia Teresa Frias Rios.

A pesquisadora ressalta que, em relação à cesárea, é necessária maior conscientização dos profissionais obstetras na aplicação de rigorosos critérios clínicos para a sua indicação em casos de hipertensão na gestação, uma vez que já está comprovado que a via vaginal é muitas vezes a melhor opção de parto para esse grupo, principalmente naquelas que evoluem sem nenhum tipo de complicação.

Vale observar no contexto geral, o bom atendimento prestado durante a internação, minimizando os agravos e resultados insatisfatórios, como óbitos materno e fetal.

“Cabe destacar que esta pesquisa foi descritiva não usando análises estatísticas multivariadas para buscar associações entre causas e desfechos, mas teve uma amostra significativa e apresenta dados atuais e relevantes sobre o evento ‘hipertensão na gestação’, que podem ser úteis para novos estudos”, ressaltou a pesquisadora.  

Além da coordenadora Claudia Teresa Frias Rios, participaram do estudo as professoras Luzinéa de Maria Santos Frias e Rita da Graça Carvalhal Frazão Corrêa, a enfermeira/especialista Lívia Cristina Frias da Silva e seis acadêmicos de Enfermagem, Jéssica Salazar de Melo, Géssica Wendy dos Prazeres Oliveira, Natany Sampaio Santos, Rafael Silva dos Santos, Rayssa Alessandra Godinho de Sousa e Renata Karine Dominice de Souza. 

O projeto de pesquisa teve aprovação da Comissão Científica do Hospital Universitário (COMIC), sob o parecer nº 013/2015, e do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Maranhão por meio do Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE). A pesquisa deu origem a cinco trabalhos de conclusão de curso da graduação e uma da residência médica, dois bolsistas do PIBIC com trabalhos apresentados na 27ª SEMIC e outro a ser apresentado na 8ª JOINP.