Pesquisa analisa a qualidade ambiental urbana de São Luís
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que as maiores incidências de doenças estão relacionadas hoje à baixa qualidade de vida urbana. A falta de planejamento e gestão socioambientais ocasionam problemas na vida de moradores de diversas cidades em diferentes aspectos, como a carência nos serviços de saúde e educação que atentam a demanda populacional; violência urbana; congestionamentos nas ruas e avenidas; supressão das áreas verdes, déficit nas redes de abastecimento de água e esgoto, dentre outros.
Nos últimos dez anos, São Luís apresentou redução acentuada da sua cobertura vegetal em função do surgimento dos inúmeros empreendimentos imobiliários. Diante disso, a professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Zulimar Márita Ribeiro Rodrigues, doutora em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP), desenvolveu uma pesquisa com o objetivo de analisar a qualidade ambiental urbana da capital maranhense através dos indicadores de cobertura vegetal e de qualidade da água para consumo humano.
Segundo a pesquisadora, os indicadores da qualidade ambiental urbana compreendem dados sobre infraestrutura básica ofertada nas cidades, como abastecimento de água, saneamento básico, oferta de serviços de saúde e cobertura vegetal.
“As metodologias utilizadas foram a pesquisa bibliográfica, constando de levantamento e análise para proporcionar o conhecimento sobre a temática; pesquisa documental, compreendendo levantamento de documentos cartográficos e de sensoriamento remoto, com foco na área de estudo; visita as áreas verdes e de coleta de água para localização através de GPS; interpretação dos dados e das informações obtidos através das técnicas de geoprocessamento; tratamento estatístico, dos dados primários, levantados nos órgãos oficiais”, explica Zulimar Márita.
De acordo com a pesquisa, a expansão urbana de São Luís reduziu as áreas verdes e espaços livres que, dentre outras consequências, aumentou o desconforto térmico e baixa qualidade ambiental urbana.
“Observou-se que os valores para o indicador de qualidade microbiológica apresentaram-se fora do padrão de potabilidade, ou seja, presença de coliformes totais e de termotolerantes [Escherichia coli] na água na saída do tratamento. Encontrou-se em desacordo com a legislação ficando abaixo do valor estabelecido pelo Ministério da Saúde, através da Portaria MS n° 2914 de 2011, que estipula a ausência de coliformes totais e de E. coli em 100mL de água”, afirma a pesquisadora.
A professora diz que a intermitência do serviço de abastecimento da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) pode ser um aspecto que favorece a entrada de água contaminada no interior da tubulação vazia, em áreas com perfurações clandestinas e/ou a obsolescência da rede de canalização que abastece a região central da cidade.
“São bairros antigos, como rede de abastecimento de água e rede coleta de esgotos, análogos no tempo de suas construções e implantações. Existem desigualdade internas em São Luís que precisam ser estudadas, analisadas e localizadas, pois comprometem a qualidade ambiental da cidade e consequentemente a qualidade de vida das pessoas. A redução da cobertura vegetal afeta diretamente o microclima urbana e a saúde dos moradores. E o acesso à água com qualidade é fundamental para a saúde também”, ressalta Zulimar Márita.
Foto: De Jesus