Novo número do Destaque Amazônia traz pesquisa sobre a mandioca
No ano em que completa 25 anos de divulgação científica na Amazônia, o informativo bimestral do Museu Paraense Emílio Goeldi (Mpeg/MCT) traz matérias sobre os lançamentos editoriais de 2009, sobre as atividades de educação e inclusão social desenvolvidas pelo Clube do Pesquisador Mirim; além dos resultados de pesquisa sobre a mandioca, base da dieta alimentar amazônica, que é a manchete do informativo. A contribuição de mamíferos para a regeneração de áreas desmatadas e o complexo mundo das formigas são outros temas das matérias dessa edição.
O Destaque Amazônia de janeiro de 2010 traz os resultados da pesquisa intitulada “Levantamento das espécies vegetais cultivadas em roçados na comunidade de Vila da Penha – Maracanã/PA”. Desenvolvido pela bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) do Museu Goeldi, Denise de Oliveira Rosário, sob orientação do pesquisador Jorge Oliveira, o estudo destaca a importância da mandioca na dieta amazônica e apresenta alguns dos principais produtos como a goma, o tucupi, a farinha e o beiju produzidos em Vila da Penha, no nordeste paraense, e entre tantas localidades da região.
A pesquisa constatou que a mandioca é a espécie que ocupa a maior área de cultivo da região. Segundo a bolsista Denise de Oliveira “A mandioca tem papel preponderante na sócio-economia local, através da venda dos diversos produtos derivados”. A investigação se concentrou nos roçados, unidades onde se desenvolvem atividades de agricultura familiar, elemento fundamental dos sistemas de subsistências e de produção.
Pesquisadores Mirins
O Clube do Pesquisador Mirim tem seu espaço na nova edição do Destaque Amazônia. Criado em 1988 com o nome de Clube de Ciências e Cultura, o projeto passou a se chamar Clube do Pesquisador Mirim (CPM) em 1997. O Clube estimula alunos de ensino fundamental e médio, de escolas particulares e públicas, o interesse pela iniciação científica, através de experiências teóricas e práticas, tendo como base as pesquisas realizadas pelo Museu Goeldi nas áreas de Botânica, Zoologia, Ciências Humanas e Ciências da Terra. Coordenado pelo biólogo Luiz Videira, que também é o chefe do Serviço de Educação e Extensão Cultural (SEC) do Museu Paraense Emílio Goeldi, já atendeu mais de 2000 participantes.
Regeneração de áreas degradadas
Pesquisa que analisa a presença de mamíferos nas clareiras artificiais – áreas desmatadas pela ação humana, em meio à cobertura florestal, para exploração de petróleo e gás natural – da região do Rio Urucu, no Amazonas (AM), mostra que a solução para a degradação pode estar na ecologia da própria floresta.
Intitulado “Estudo da Comunidade de Mamíferos de Médio e Grande Porte e o Potencial desta Fauna na Regeneração de Clareiras Artificiais”, o estudo foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Zoologia, mantido pelo Museu Goeldi em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA).
A investigação desenvolvida por Fernanda Santos, orientada pela especialista em mamíferos Dra. Ana Cristina Mendes de Oliveira, da UFPA, aponta que os primatas inventariados “são, em grande parte, dispersores de sementes”, pois têm potencial para levar esses embriões vegetais para dentro das clareiras, onde poderão se desenvolver e resultar em novas árvores. Não só os primatas, mas as antas, as onças, entre outros mamíferos, contribuem para a recuperação de áreas degradadas.
Formigas
Após sete anos de pesquisa, mais de 200 mil formigas coletadas e um capítulo de livro a caminho, o mais recente resultado dos estudos coordenados pela pesquisadora Ana Harada sobre Ecologia, avaliação e monitoramento de Florestas Tropicais de Caxiuanã foi o desenvolvido, em nível de iniciação científica, por Naraiana Loureiro Benone.
O foco dessa pesquisa são as formigas strumigenyiformes (Formicidae, Myrmicinae, Dacetini), que ocorrem na Floresta Nacional de Caxiuanã, na Estação Científica Ferreira Pena. As formigas são vitais para a manutenção do equilíbrio ecológico. Elas atuam em todos os níveis da cadeia alimentar e contribuem para o controle biológico de muitas espécies de pragas.
Publicações
A primeira edição do Destaque Amazônia de 2010 traz um breve resumo dos lançamentos editoriais do Museu Goeldi no final de 2009. Uma das novidades foi o livro “Caxiuanã – Desafios para a Conservação de uma Floresta Nacional da Amazônia”. Organizado por Pedro Lisboa, da Coordenação de Botânica do Mpeg, trata-se do terceiro volume de uma série que publica resultados de pesquisas desenvolvidas na Estação Científica Ferreira Pena, mantida pelo Museu Goeldi há 15 anos na Floresta Nacional de Caxiuanã, localizada no arquipélago do Marajó, no Estado do Pará.
O pesquisador Pedro Lisboa também organizou o livro “Aurá: Comunidade & Florestas”, que apresenta características ambientais, sociais, econômicas e culturais de duas comunidades tradicionais da periferia de Belém: Porto da Ceasa e Nossa Senhora dos Navegantes.
No final de 2009 ainda foram lançados os títulos “Catálogo da Flora da Reserva Extrativista Chocoaré – Mato Grosso” e “Diversidade Biológica das Áreas de Proteção Ambiental: Ilhas do Cumbu e Algodoal – Maindeua, Pará, Brasil”.
O Museu Goeldi lançou também o “Catálogo de Fósseis da Coleção Paleontológica do Museu Paraense Emílio Goeldi”, que apresenta uma lista de 495 espécies de invertebrados, plantas e microfósseis, numa iniciativa que preserva o conhecimento e o material acumulado no acervo da Instituição.
Organizado pelo lingüista e atual diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Jr., e Sebastião Kara’yã, a obra “Mitos Arara” apresenta em versão bilíngue (Português/Arara) narrativas dos índios Arara, da Aldeia Iterap, em Rondônia.
Confira a versão digital do Destaque Amazônia no link.