Processo de modernização altera a paisagem de São Luís
A cidade de São Luís construiu sua história repleta de lendas, mistérios, cultura, ritmo e de grandes belezas arquitetônicas que fizeram dela patrimônio da humanidade.
No entanto, basta dar um passeio pela “Ilha do Amor” que observamos que os empreendimentos imobiliários deram uma nova roupagem a cidade, reconfigurando não só a paisagem, mas também os modos de viver e de habitá-la.
A pesquisa “A nova São Luís: um estudo da modernização urbana e territorial da faixa litorânea da cidade de São Luís (1990 – 2010)” retrata justamente essas transformações e os reflexos sofridos pela capital maranhense com o processo de modernização que, consequentemente, fez dela uma cidade com características territoriais distintas: aquelas da velha e da nova São Luís.
A pesquisa foi produzida pela economista e mestre em desenvolvimento sócio espacial e regional, Andrea Silva Ribeiro, com o apoio da FAPEMA por meio do edital Bolsa de Mestrado (Quota UEMA).
Desse modo, verificou-se não só a formação dos espaços urbanos que foram criados e remodelados, mas toda a conjuntura econômica, social e ambiental que a Península da Ponta D’Areia, área considerada a mais nobre de São Luís, veio apresentando ao longo dos anos.
Destaca-se que o marco temporal da pesquisa são os anos que compreendem desde 1990 até 2010, momento em que a expansão territorial ganhou ainda mais impulso na Península da Ponta D’Areia por meio da sua grande valorização comercial.
As diferenças entre a nova e a antiga São Luís são percebidas pelas peculiaridades de uma cidade refletida no passado, expressa em seus casarões históricos e nas casas térreas, e que são contrapostas por edificações modernas e estruturadas para um mercado consumidor de alta renda.
“Quando comecei a delimitar o meu objeto, tive que fazer um resgate do que era aquela região antes das construções das pontes no Rio Anil, porque até então, não havia ligação entre o continente e a Ponta D’Areia diretamente.
Primeiramente, foi feito uma ponte sobre o Rio Anil e que não mudou nada, mas o advento daquela área até pela questão da urbanização, do loteamento da área aconteceu nos anos 1970, quando foi terminada em 1969 a construção da ponte do São Francisco. A expansão da cidade mudou, principalmente, quando se trata do litoral, ela se expandiu para o norte”, explicou.
As mudanças decorrentes desse período impulsionaram uma nova observação de mercado, em que a modernização passou a ser feita de maneira pontual. A chegada das grandes construtoras nos anos 2000 foi responsável pela construção dos prédios que são por vezes considerados os mais modernos e também os mais caros que existem na capital maranhense.
De acordo Andrea Ribeiro, a mudança para o desenvolvimento de prédios foi progressiva e gradual, ou seja, o processo de verticalização começou de forma tardia.
“São Luís demorou muito a se verticalizar, mas isso foi possível por conta da questão das leis ambientais que não possibilitou a formação de bolsões de calor como se observa em outras cidades do nordeste. Então essa questão da urbanização, ocupação, verticalização e da modernização em São Luís por ter sido tardia foi muito positiva para cidade”, declarou.
“Moramos numa cidade em que podemos dizer que é fragmentada em várias São Luís, em que o moderno e o histórico andam juntos na mesma paisagem”, destacou a mestre em desenvolvimento sócio espacial e regional, Andrea Ribeiro.