Governo contabiliza mais de R$ 2,5 milhões investidos em pesquisas sobre temática indígena
O Governo do Maranhão reforça o compromisso permanente com a promoção de ações e na valorização dos povos indígena, realizando investimentos significativos em pesquisas voltadas para essa temática. Sob a gestão da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), são mais de 220 estudos apoiados nos últimos anos, totalizando investimento superior a R$ 2,5 milhões. No contexto do Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril, a gestão aprimora as políticas públicas e a partir das pesquisas, amplia a inclusão e conhecimento sobre esta população.
Esses investimentos têm impulsionado avanços significativos na compreensão e preservação da cultura, tradições e desafios enfrentados pelas comunidades indígenas no estado. Desde pesquisas antropológicas até estudos sobre meio ambiente e saúde, o financiamento proporcionado pela Fapema tem sido fundamental para o desenvolver iniciativas que contribuem para a melhoria da qualidade de vida e no fortalecimento dos direitos dos povos indígenas maranhenses.
“O governo segue reafirmando o compromisso com as comunidades indígenas do Maranhão. Os mais de 220 estudos apoiados pela fundação mostram os esforços para entendermos e valorizarmos as diversas culturas presentes em nosso Estado. A gestão está empenhada em promover o respeito, a inclusão e o desenvolvimento sustentável dessas comunidades, garantindo que suas vozes sejam ouvidas e suas necessidades atendidas”, enfatizou o presidente da Fapema, Nordman Wall, acrescentando que a Fundação também esta inserida no processo de implantação da primeira universidade indígena do país, uma referência não só para o Maranhão, mas para o Brasil. “A Fundação será responsável pelo lançamento de edital para seleção de profissionais que vão atuar no projeto”, revelou o presidente.
Todas essas iniciativas, com destaque para a pesquisas, enriquecem o conhecimento acadêmico sobre a cultura indígenas e fornecem subsídios importantes para formulação de políticas públicas cada vez mais eficazes e inclusivas. Além disso, contribuem para promover o diálogo intercultural e o fortalecimento dos laços de respeito e cooperação entre as diferentes comunidades do estado.
Cultura, arte e história
Os estudos apoiados pela Fapema se debruçam sobre a constituição destes povos, sua cultura diversa, peculiaridades do cotidiano e da saúde, sua arte, entre outros. Nesta linha, está o estudo ‘Compreensões sobre raízes literárias: Análise de contos indígenas sobre a criação do mundo’, da pesquisadora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (Ifma), Ana Gabriela Castelo Branco de Sousa. “Os indígenas explicam a origem do universo por meio de lendas e mitos, cujas histórias podem variar, de acordo com as crenças e tribo. A pesquisa analisa esse cenário, sob a ótica indígena”, disse.
Os processos de ocupação pré-coloniais nos sítios arqueológicos e a preservação deste patrimônio são temas do estudo ‘Estudo arqueométrico da arte rupestre e dos depósitos de alteração do sítio arqueológico Furna dos Índios (Inhuma, Piauí, Brasil)’, desenvolvido por Joyciane Reis Silva, do IFMA. “O objetivo é estudar a arte rupestre, assim como os depósitos de alteração e fatores de degradação deste sítio arqueológico, a fim de obter informações sobre o modo de vida desta sociedade pretéritas e propor medidas de conservação. Isso permitirá o aprofundamento de estudos já iniciados neste sítio, ainda pouco explorado cientificamente”, informou.
Segundo o estudo, a conservação da arte rupestre deste sítio está ameaçada por elementos de alteração de origem natural, a exemplo de sais minerais, galerias de insetos construtores, intempéries do local, entre outros. Dessa forma, ela avalia que, tanto as pinturas rupestres, quanto os depósitos de alteração precisam ser estudados quimicamente, a curto prazo, a fim de que sejam propostas estratégias de conservação desse bem cultural.
“Acreditamos que este trabalho pode contribuir, significativamente, para a conservação do sítio em estudo, a obtenção de outras importantes informações sobre a caracterização dos materiais a serem pesquisados e na compreensão dos processos de ocupação, por grupos humanos pré-coloniais, em locais onde hoje se denominam sítios arqueológicos”, avalia Joyciane Silva. Ela destaca que “o apoio da Fapema foi fundamental para que eu pudesse me dedicar de forma integral à pesquisa, permitindo que eu realizasse da melhor forma possível, o trabalho de busca, leitura bibliográfica, escrita de resumos e relatórios, realização do procedimento experimental, interpretação e a apresentação dos resultados”.
A pesquisadora Elivanete Ferreira da Silva, da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (Uemasul), trabalha a identificação e contribuição deste povo no currículo educacional, desenvolvendo o estudo ‘A diversidade cultural dos povos indígenas no Documento Curricular do Território Maranhense para a educação infantil e o ensino fundamental (DCTMA)’. O DCTMA foi criado em 2019, elaborado pelas redes de ensino estadual, considerando elementos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e norteia o currículo da Educação Básica no estado.
“O documento é ferramenta importante para a gestão pedagógica e o estudo analisa como a diversidade cultural dos povos indígenas está apresentada nele”, reforçou Elivanete da Silva. Na pesquisa, ela aponta a existência de mais de três centenas de povos, falantes de 274 línguas, habitando em todo território brasileiro e que precisam ser considerados no cronograma da educação formal. “A Fapema foi uma grande colaboradora desse estudo e sua parceria garantiu que registros importantes sobre esta população pudessem ser coletados e disponibilizados para o conhecimento da sociedade”, frisou.
Diante desse panorama, o Governo do Maranhão segue com a política de apoio e incentivo às pesquisas que contribuam para o melhor entendimento e devida valorização e inclusão das comunidades indígenas. Com isso, a gestão reconhece a importância vital das contribuições destes povos para o estado.
Obras apoiadas pela fundação
Além dos estudos, a Fapema apoia publicações com a temática. São obras que ampliam os conhecimentos sobre a cultura indígena e se somam às centenas de pesquisas financiadas, contribuindo assim para a disseminação do conhecimento sobre a cultura e história dos povos indígenas. Entre estes, a obra ‘Messianismo Canela’, do antropólogo da Ufma, Adalberto Rizzo, que analisa as relações entre indigenismo, desenvolvimento e movimentos sociais religiosos. Ele toma como referência empírica o povo ramkokamekra-canela, que vive no centro-oeste do Maranhão.
Na obra ‘Moços feitos, moços bonitos’, a professora do Ifma, Josinelma Ferreira Rolande, parte dos rituais como momentos de instituição e consagração dos corpos. Ela utiliza uma série de significados que apontam a ornamentação canela como uma das estratégias de diferenciação na construção de corpos, legitimando o status de prestígio outorgado a alguns membros dessa sociedade.
Em ‘História e imaginação no Maranhão republicano – RPG para Iniciantes’, a professora do Ifma, Eva Dayna Carneiro escreveu uma obra acessível, lúdica e democrática, ambientada em terras maranhenses e inspirada em aventuras de RPG, que envolve história, cultura e imaginação. Ela faz uma imersão divertida na ancestralidade e cultura brasileira, nordestina e, especialmente maranhense, de uma forma inovadora, contemporânea e lúdica de contar histórias. O RPG trabalha aspectos importantes como autonomia e imaginação criativa, além de oportunizar vivências de colaboração, liderança e solução de problemas.
Na coletânia ‘Povos tradicionais em colisão com estratégias empresariais no Maranhão e Pará’, diversos autores fazem uma reflexão sobre o desenvolvimento da Amazônia. Os discursos se dão a partir de interpretações incorporadas do planejamento público, trabalhando a lógica que separa o tradicional do moderno, e associando o desenvolvimento ao crescimento econômico. Os trabalhos que compõem a obra têm como propósito compreender as inter-relações entre as estratégias empresariais e seus efeitos sobre os povos e comunidades tradicionais, incluindo os povos indígenas.