Formigas enviam mensagens químicas
Sabe-se que as formigas têm perfeita consciência de obrigações e afazeres, sendo um deles, por exemplo, o transporte de companheiras mortas para fora da colônia antes que seus restos mortais infectem o local com seus patógenos. Mas como as formigas responsáveis por essa tarefa conseguem diferenciar entre formigas mortas e vivas?
Alguns pesquisadores acreditam que as formigas são capazes de detectar a quebra de ligações químicas de substâncias encontradas nos corpos em decomposição. Mas um novo estudo, publicado em 4 de maio na edição online da Proceedings of the National Academy of Sciences USA, mostra que o mecanismo é exatamente o oposto: enquanto estão vivas, as formigas produzem substâncias químicas que indicam seus sinais vitais e, ao morrerem, essas substâncias desaparecem rapidamente. Em outras palavras, as formigas mortas são identificadas pela ausência de sinais de vida ─ uma espécie de pulsação química não mais sentida ─ e não pela presença de sinais de morte.
Entomologistas da University of California, em Riverside, descobriram que formigas argentinas ─ coletadas de um bosque de árvores cítricas no campus da universidade ─ foram capazes de detectar companheiras mortas antes mesmo que a decomposição se instalasse.
As duas substâncias químicas produzidas pelas formigas, dolichodial e iridomyrmecin, controlam a necroforésia ─ a retirada dos corpos mortos da colônia pelas operárias. Esse comportamento é comum em muitas espécies de formigas e outros insetos sociais, e ajuda a manter a colônia com boas condições de higiene. A teoria dominante sobre necroforésia é de que formigas respondem a ácidos graxos e outras pistas químicas exaladas por organismos em decomposição.
Os pesquisadores extraíram essas substâncias de formigas vivas e pintaram pupas (que não produzem os compostos químicos). As formigas operárias as ignoraram e as trataram como adultos vivos.
O dolichodial e o iridomyrmecin se dissipam rapidamente após a morte, caindo para menos da metade em apenas dez minutos. Essas duas substâncias químicas parecem servir como sinalizadores que reprimem o comportamento de necroforésia nas operárias que cruzam com companheiras vivas.