Fiocruz é reconhecida pelo número de colaborações no estudo de doenças negligenciadas

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Por Ivanildo Santos 13 de agosto de 2009

A revista Doenças Tropicais Negligenciadas, da Biblioteca Pública de Ciência (PLoS, na sigla em inglês), uma organização sem fins lucrativos formadas por cientistas e médicos da comunidade internacional, apontou, em seu editorial de julho, que o Brasil é o segundo país do mundo a submeter o maior número de artigos para publicação, sendo estes de autoria de uma diversidade de institutos de pesquisa, mas com destaque para a Fiocruz. O veículo, conhecido como PLoS-Neglected Tropical Diseases (PLoS-NTD), foi lançado em 2007 e é considerado a primeira revista de livre acesso dedicado à divulgação de estudos sobre enfermidades negligenciadas, como a elefantíase, a hanseníase, a esquistossomose e a doença do sono.

“As submissões do Brasil têm sido de qualidade extremamente alta e abrangem uma amplitude de tópicos, de patogênPLOS_public_library_of_scienceese molecular e aspectos clínicos, a epidemiologia e política”, afirmam os pesquisadores Peter Hotez, do Núcleo Medicinal da Universidade George Washington, e Serap Aksoy, da Escola de Saúde Pública de Yale, no editorial da revista. Apesar de os Estados Unidos estarem no topo da lista de submissões, os pesquisadores destacam as contribuições de países da América Latina, como Peru, México e Argentina. “A observação de que quase metade das submissões de artigos vieram de países com doenças tropicais negligenciadas endêmicas é especialmente gratificante”.

Segundo o coordenador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fiocruz, Carlos Morel, esse retorno ao trabalho da instituição é extremamente importante. “A revista Doenças Tropicais Negligenciadas e a revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz são atualmente alguns dos principais veículos nessa área, de leitura imprescindível, o que faz essa citação nominal da Fiocruz pela PLoS-NTD ser um reconhecimento excepcional”, comenta Morel, que faz parte do grupo de editores associados da revista em questão. Além dele, mais três pesquisadores da instituição também participam do corpo editorial: Alberto Ko, da Fiocruz Bahia, como vice-editor, e Yara Troub-Csekö, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), e Rodrigo Correia-Oliveira, da Fiocruz Minas, como editores associados. “Acredito que o alto número de submissões se deve ao fato de que produção na Fiocruz é muito intensa, mas, ao mesmo tempo, dispersa em diversas outras revistas, e esse veículo, assim como as Memórias, surgiu como uma nova fonte natural para a divulgação de nossas pesquisas”, esclarece Morel.

Com objetivo de ser uma fonte especializada para cientistas e profissionais da área de saúde que trabalham com doenças negligenciadas em países onde estas são endêmicas – particularmente aqueles que não têm condições financeiras de obter os caros veículos tradicionais – a revista também tem recebido muitas colaborações de países da África, como Quênia, Uganda, Tanzânia, Etiópia, Sudão e Nigéria, e da Ásia, com ênfase para China, Índia, Indonésia, Tailândia, Vietnam e Laos. Entre os países do Hemisfério Norte, além dos EUA, a Inglaterra e a França disputam a terceira posição no maior número de submissões de artigos. “No próximo ano, esperamos aumentar as submissões do Japão e da Coreia do Sul, onde sabemos que há uma enorme quantidade de atividades científicas altamente qualificadas sobre doenças negligenciadas”, destacam os pesquisadores Hotez e Aksoy, que são os editores-chefe da revista, no editorial.