Fevereiro Roxo: estudo apoiado pela Fapema aponta Nim Indiano como potencial no tratamento do Alzheimer

Por Sandra Viana 8 de fevereiro de 2024

Extrato flavonoídico, desenvolvido a partir do Nim Indiano, demonstrou potencial terapêutico no controle do Alzheimer. A descoberta é resultado da pesquisa ‘Desenvolvimento biotecnológico de extrato flavonoidico antioxidante e anticolinesterásico de Azadirachta indica A. Juss: estudos de caracterização química, análises enzimáticas e computacionais’, fruto da tese de doutorado em Biotecnologia do professor Péricles Mendes Nunes, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O estudo inovador, que contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), revelou a contribuição da planta contra déficits cognitivos e de memória, especialmente, no que refere ao Alzheimer, um dos focos da campanha do Fevereiro Roxo.

“Este estudo amplia nossa compreensão das propriedades medicinais do Nim Indiano e mostra sua relevância para o Maranhão. Com a planta sendo uma presença significativa na agricultura, a pesquisa promete mais inovações, que podem beneficiar diretamente a saúde da população. Considero os resultados muito promissores, pois se trata de um novo processo de produção de extrato flavonoídico, que se destaca pelo seu moderado potencial antioxidante e promissor efeito anticolinesterásico”, explicou o pesquisador Péricles Nunes.

A pesquisa foi pensada após investigações sobre as propriedades terapêuticas do Nim. Reconhecida pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, em 1992, como uma planta com potencial para resolver problemas globais de saúde, o Nim é amplamente conhecido por seu óleo. A substância é extraída das sementes prensadas a frio e utilizadas em inseticidas, cosméticos, medicamentos e na agricultura. No entanto, as folhas, muitas vezes subestimadas, têm mostrado relevância terapêutica em diversas regiões da Ásia e da Oceania, segundo informações etnobotânicas.

Este fitoproduto, derivado das folhas da planta, mostrou-se promissor quimicamente, in vitro e por ensaios computacionais, como um possível coadjuvante no tratamento de déficits cognitivos e de memória, especialmente em modelos animais de doença de Alzheimer.

Segundo o pesquisador, o potencial antioxidante em plantas e extratos refere-se à capacidade de neutralizar radicais livres, moléculas instáveis associadas a danos celulares e diversas doenças. “Os compostos antioxidantes presentes nessas plantas, como polifenóis e flavonoides, ajudam a proteger o corpo contra estresse oxidativo, beneficiando a saúde”, reforçou. Fruto do estudo, foram feitos depósito de duas patentes, consolidando a relevância e a originalidade do trabalho.

O estudo foi orientado pelos professores Antônio Marcus de Andrade Paes e Adriana Leandro Câmara, ambos da UFMA.

Apoio

Péricles Nunes apontou que o trabalho abre portas para outras pesquisas no tratamento de condições neurodegenerativas. Além de destacar o potencial terapêutico do Nim, o estudo reforça o papel fundamental da pesquisa científica e do apoio institucional, como o fornecido pela Fapema, no avanço do conhecimento e na promoção da saúde e inovação tecnológica no Maranhão. “A contribuição da Fapema se mostrou fundamental para o êxito da pesquisa, demonstrando o compromisso desta instituição com o avanço científico e tecnológico do nosso Maranhão”, enfatizou.

O presidente da Fapema, Nordman Wall, parabenizou o resultado do trabalho e destacou sua importância para avanços no tratamento de doenças neurodegenerativas. “É um estudo de muito significado para a saúde e a ciência, de maneira geral. Um impulso à posição do Maranhão na vanguarda da pesquisa científica, que lança luz sobre às riquezas biotecnológicas da região, mostrando que soluções inovadoras podem surgir de plantas milenares. O futuro parece promissor para a aplicação prática dessas descobertas, potencialmente transformando a vida daqueles que sofrem de condições cognitivas debilitantes. A Fapema se orgulha em apoiar pesquisas que farão a diferença no futuro, na vida do ser humano”, pontuou.

Ampliação

A pesquisa resultou ainda, na criação de um biorreator inovador para a produção do extrato flavonoídico, abrindo caminho para futuras pesquisas e aplicações industriais. Três desenhos industriais registrados durante o estudo servirão como referências tecnológicas, contribuindo para a construção de outros biorreatores industriais e de pesquisa. Biorreatores são equipamentos utilizados em biotecnologia para a produção de substâncias úteis, como medicamentos, enzimas ou produtos químicos, através de processos biológicos controlados.

A próxima fase do estudo será o teste de moléculas, identificadas em modelos animais, para avaliar sua efetividade. Esta etapa é projeto para o pós-doutorado do pesquisador.