FAPEMA assegura mais de R$ 2,1 milhões em pesquisas contra o câncer
O Maranhão impulsiona os investimentos na luta contra o câncer, apoiando diversos projetos com foco em descobertas para diagnóstico, tratamento e prevenção da doença, em suas várias formas. Neste sentido, o Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), financia iniciativas e estimula pesquisas e desenvolvimento, relacionados à doença. Os estudos apontam inovações na detecção, diagnóstico e tratamento, mostrando contribuições importantes para uma cura. No próximo dia 8 de abril, Dia Mundial de Combate ao Câncer, estes esforços se consolidam como uma esperança para novas descobertas na luta contra a doença.
O Governo do Maranhão já contabiliza investimentos de mais de R$ 2,1 milhões em pesquisas sobre o tema, nos últimos anos. São estudos que tratam de novos e modernos métodos para diagnosticar a doença; avaliam a relação entre atuação do profissional da saúde e reflexos para o paciente; além de trabalhos que exploram a tecnologia e a nanotecnologia para avançar nos tratamentos. “O sucesso das pesquisas refletem o apoio do governo do Maranhão, que tem sido fundamental para o progresso dos trabalhos, e os resultados vão beneficiar pacientes maranhenses e contribuir para o avanço da medicina no Brasil e além”, observa o presidente da FAPEMA, Nordman Wall.
“O apoio do governo aos projetos mostra o compromisso com a saúde e o bem-estar dos cidadãos maranhenses e representa um investimento estratégico para o avanço da ciência e da medicina. Uma política de gestão que beneficia diretamente os pacientes com câncer e contribui para o desenvolvimento de novas terapias e medicamentos, que podem ter um impacto significativo em escala nacional, e até mesmo global. Esta data, nos leva a refletir sobre o problema e a necessidade em cada vez mais, investir nas pesquisas que vislumbrem a cura desta doença”, avalia o presidente da Fapema, Nordman Wall.
Pesquisadores estão na vanguarda deste cenário e vêm desenvolvendo trabalhos valiosos e concentrados na busca por ideias que possam melhorar o diagnóstico precoce do câncer, permitindo intervenções mais eficazes e aumentando as taxas de sobrevivência.
A nutricionista Danila de Souza Costa identificou que a distribuição dos profissionais desta área nas unidades hospitalares tem relação com a desnutrição oncológica. Ela avalia esse cenário na pesquisa ‘Mapeamento da desnutrição oncológica intra-hospitalar e das equipes multiprofissionais de terapia nutricional (EMTN) no Brasil: busca eletrônica e bibliográfica’.
“É um tema de grande relevância para o monitoramento de desnutrição em pacientes com câncer, que estão hospitalizados. Verificamos se havia associação desta desnutrição oncológica hospitalar com a distribuição das equipes multiprofissionais de terapia nutricional e percebemos que sim”, pontuou a pesquisadora. O estudo foi base para sua tese de trabalho de conclusão de curso e resultou em projeto de pesquisa de iniciação científica, executado por ela e orientado pelo professor Alexsandro Ferreira dos Santos.
Para chegar a esta observação, foi realizada busca bibliográfica sobre a desnutrição oncológica no Brasil e informações da distribuição das equipes multiprofissionais e rastreamento com envio de formulário aos profissionais em seus locais de trabalho, em vários estados do país.
Com isso, a pesquisadora avaliou que as equipes multiprofissionais de terapia nutricional são de suma importância para os estabelecimentos de saúde, e principalmente, aos pacientes com câncer, que tenham o diagnóstico de desnutrição. “O trabalho destas equipes facilita o rastreio, por meio de diferentes perspectivas profissionais. Há necessidade de estudos mais abrangentes e informações de fácil acesso sobre o tema, para que seja atingível a associação entre a distribuição das equipes com a desnutrição no câncer hospitalar, a nível nacional”, reforça Danila Costa.
Ela destaca a importância do apoio da FAPEMA, que lhe garantiu “melhores experiências com a pesquisa científica, principalmente em relação a deslocamentos, inscrições em minicursos, jornadas e congressos, possibilitando êxito expressivo, tanto no conhecimento específico do trabalho, quanto em outras áreas que também abrangiam temáticas semelhantes”.
Com base nesse e outros estudos mais abrangentes, a pesquisadora pretende transformar os dados e resultados obtidos em iniciativas de saúde a serem aplicadas nos hospitais de câncer maranhenses. “Queremos contribuir para melhorar a qualidade de vida desses pacientes e diminuir custos”, disse. A pesquisa manterá o andamento, agora com o ciclo 2024-2025, na busca de dados mais relevantes.
Nanotecnologia no tratamento contra o câncer
A pesquisadora Giovanna da Silva Belém observou a necessidade de um novo método para diagnóstico de câncer, que não fosse tão invasivo, porém fosse rápido e eficaz e nesta busca, nasceu a pesquisa ‘Desenvolvimento de biossensores enzimáticos nanoestruturados a base de carbono para detecção de câncer’. A partir daí, ela estuda um biosenssor enzimático, que possa gerar resultados com rapidez, especificidade, sensibilidade, baixo custo e de fácil manuseio, para análise de biomarcadores associados ao câncer. O dispositivo é desenvolvido utilizando técnicas bioquímicas e materiais resistentes de alta sensibilidade, atóxicos, reprodutíveis, de baixo custo e sustentáveis.
“Observamos que a nanoestrutura de óxido de grafeno se destacou como ótimo material a ser desenvolvido, devido suas características e bom desempenho nas pesquisas. Nosso foco é facilitar o processo e contribuir para diminuir a taxa de mortalidade por essa doença”, resumiu. Ela apontou que “o financiamento da Fapema foi indispensável para a continuidade do projeto, visto que dependemos de investimentos e apoio para desenvolver o produto da pesquisa, que depende de materiais e equipamentos de alta tecnologia para síntese de um material tão inovador”.
O estudo está na fase de teste do protótipo do produto para desvendar novas utilidades para o material, a fim de comprovar seus benefícios. “Vamos prosseguir com o desenvolvimento de novos materiais, para atrair investimentos e chegar à indústria de nanomateriais e biossensores da região Norte e Nordeste do país. Queremos tornar acessível a tecnologia em saúde para população”, concluiu.
Inovação
Fruto da tese de doutorado em engenharia de eletricidade, de João Otávio Diniz, da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), o estudo ‘Métodos para segmentação de medula espinhal e esôfago em tomografia computadorizada de planejamento à radioterapia’ propõe uso de procedimentos de tomografia computadorizada para segmentar a medula espinhal e o esôfago, a partir de métodos distintos. As análises apresentaram resultados satisfatórios, mostrando-se viáveis na tarefa de segmentação automática destas partes do corpo, na radioterapia, por meio da tomografia. O estudo obteve orientação do doutor em informática pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e professor da Universidade Federal do Maranhão (Ufma), Aristófanes Silva.
Com a finalidade de contornar os efeitos da toxicidade da radioterapia e reduzir os efeitos adversos no corpo humano, muitas pesquisas investiram substancialmente no desenvolvimento e uso de sistemas baseados em técnicas de processamento de imagens, para delinear tumores com maior precisão. O pesquisador João Diniz explica que, a radioterapia é uma das opções mais utilizadas para o tratamento do câncer.
Neste processo radioterápico, exames de tomografia computadorizada são comumente utilizados para delimitar os órgãos de risco e analisar o impacto da radiação. “Delimitar esses órgãos de risco requer muito tempo dos médicos especialistas e envolve uma grande equipe de profissionais. Além disso, é uma tarefa executada fatia a fatia, torna-se exaustiva e, consequentemente, sujeita a erros, especialmente em órgãos como a medula espinhal e o esôfago, que exigem uma segmentação mais precisa. O trabalho buscou avaliar a segmentação automática destes órgãos”, ressalta Diniz.
Com a utilização do “template matching” adaptativo nos dois métodos para medula espinhal, o estudo apontou resultados promissores. Houve redução da região de interesse a ser analisada no volume dos pacientes. No esôfago, uso de atlas para corte do volume resultou em melhora, tanto para análise do volume, quanto pelo custo computacional. “Foi possível criar uma técnica automática para a segmentação e produziram resultados satisfatórios. Isso permitiu padronização dos volumes, evitando problemas causados pelo processo de aquisição de imagens. Tanto na medula espinhal, quanto no esôfago, as técnicas foram eficientes na segmentação”, reiterou o pesquisador.
Constatada a viabilidade do estudo, o orientador Aristófanes Silva aponta a necessidade de alguns avanços, entres estes, aprimorar o conhecimento sobre as tomografias computadorizadas no tratamento radioterápico; avançar na técnica de “template matching”; entender e utilizar os tipos de técnicas de superpixel no contexto de imagem médica; validar os métodos e comparar com outros já consolidadas na literatura.
“A FAPEMA foi essencial nesse processo, pois, com o financiamento, proporcionou concretizar o estudo e chegarmos a essa descoberta que, sendo ampliada, trará importantes contribuições para esta área da saúde, qualificando o tratamento radioterápico nestes órgãos. É um trabalho importante e esse apoio veio potencializar os avanços”, reiterou Aristófanes Silva.
O estudo foi publicado na revista Computer Methods and Programs in Biomedicine e considerado pela International Medical Informatics Association Yearbook. Selecionado entre 1.459 trabalhos no mundo, ficou entre os quatro mais relevantes no meio científico, neste tema de estudo.
Estatísticas
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, estima-se que no Brasil entre 2023 e 2025, serão 704 mil novos casos de câncer no país, anualmente. No Maranhão, a taxa de incidência do câncer de próstata deve chegar ter a taxa 56,47 a cada 100 mil homens e o câncer de mama deve atingir a taxa de 28,7 a cada 100 mil mulheres dentre todos os tipos de câncer.
Considerando a necessidade de inovação e pesquisas no campo dos diagnósticos precoce de câncer no país. Nesse contexto, os biossensores nanoestruturados destacam-se como protagonistas, pois são sistemas de fácil utilização para realização de testes junto ao paciente. Além disso, são dispositivos rápidos, robustos e dotados de capacidade de teste multi-analítica.
Dia de combate
O Dia Mundial de Combate ao Câncer foi criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para que organizações ao redor do planeta se reúnam para atuar na prevenção dos vários tipos de câncer, além de prestar solidariedade aos que lutam contra a doença. A data alerta sobre os cuidados na prevenção desta que é a segunda doença que mais mata no mundo. No Brasil, também é considerada a segunda doença que mais mata, em especial o câncer de pele.
As causas para o surgimento do câncer podem ser as mais variadas possíveis, desde motivos externos – como o ambiente, costume ou hábitos que o indivíduo possui – até fatores internos, como características geneticamente predeterminadas. O principal objetivo do dia é informar as pessoas sobre a importância de consultar médicos e estar atento à saúde, para evitar o crescimento dessa doença.