FAPEMA apoia estágio internacional em sequenciamento genético pra controle da malária
Realizar treinamento nas técnicas de isolamento e identificação de microorganismos no intestino de ovários de mosquitos que transportam o parasita causador da malária. Esse é um dos objetivos do estágio internacional realizado por duas pesquisadoras da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), na cidade de Baltimore, estado de Maryland, nos Estados Unidos.
Valéria Cristina Soares Pinheiro, do Departamento de Química e Biologia do Centro de Estudos Superiores de Caxias da UEMA, e Joelma Soares da Silva, professora da UFMA Campus Codó, estão em estágio no Johns Hopkins University, no Instituto de Pesquisas em Malária, no Laboratório de Microbiologia e Imunologia.
O laboratório é chefiado pelo professor Marcelo Jacobs-Lorena, PhD, pesquisador com referência nos estudos sobre malária e genética dos mosquitos vetores para o controle dessa doença.
O estágio foi aprovado pelo edital de Cooperação Internacional nº 025/2018, da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).
As pesquisadoras maranhenses também irão se apropriar das técnicas de identificação molecular das linhagens por meio da Polymerase Chain Reaction (PCR), que possibilita a amplificação de uma única cópia ou algumas cópias de um segmento de DNA em várias ordens de grandeza, gerando milhares a milhões de cópias de uma determinada sequência de DNA.
Outra técnica que as pesquisadoras terão contato é o sequenciamento do DNA por meio – uma série de processos bioquímicos que tem por finalidade determinar a ordem dos nucleotídeos (adenina, guanina, citosina e timina) em uma amostra de DNA.
“A implantação posterior dessa metodologia no laboratório de Entomologia Médica da UEMA irá dar uma grande contribuição para o avanço das pesquisas no controle da malária no Maranhão e no país”, afirmou a pesquisadora Valéria Pinheiro.
Pesquisa para combater a malária
O estágio integra o projeto de pesquisa “Isolamento de Bactérias da Microbiota de Mosquitos Anopheles do Maranhão para bloqueio da infecção por malária”. O estudo visa isolar bactérias presentes em diferentes mosquitos transmissores da malária e identificar por meio de técnicas moleculares as bactérias encontradas. Serão coletados Anopheles spp. em áreas de Cerrado e Amazônia Maranhense, realizada a dissecção de ovários e intestinos dos espécimes para isolamento das bactérias. Em seguida será extraído o DNA das linhagens para realização de PCR para amplificação do gene 16S e sequenciamento do fragmento para confirmação da identidade das bactérias.
A malária é endêmica no Brasil, com ocorrência mais acentuada nas região de floresta Amazônica. O Maranhão é um dos estados com registro da doença, verificando-se redução a partir de 2012 e aumento nos casos a partir de 2016. A malária é transmitida pela picada de mosquito fêmea do gênero Anopheles. No Maranhão há diferentes espécies de vetores da Malária, sendo que Anopheles aquasalis desenvolve um papel importante na circulação dos parasitas da doença. “Novas abordagens devem ser pesquisadas com o objetivo de controlar a transmissão, como estudos que visam o bloqueio da infecção dos mosquitos por plasmódios”, informou a pesquisadora. “ A utilização da técnica de paratransgêne é uma ferramenta inovadora que já foi demostrada ser capaz de bloquear os parasitas no vetor”, concluiu.
Fotos: arquivo pessoal das pesquisadoras e site do Johns Hopkins University.