Evoé! lança ensaios sobre José Chagas e Nauro Machado
Um conjunto de ensaios reunidos para que o leitor possa se aproximar dos poetas José Chagas e Nauro Machado. “Os Canhões de Tróia” (200 páginas) foi lançado no sábado (19), no estande na Fapema, durante a 13a Feira do Livro de São Luís, com noite de autógrafos do professor e filósofo Wandeilson Miranda, um dos organizadores da obra. “O livro nasceu desse sentimento de que a obra literária maranhense precisa de um pouco mais de foco por parte dos pesquisadores”, afirmou Miranda. “Nos últimos anos, tem ocorrido esse interesse de haver um reencontro com a grande obra maranhense”, prosseguiu.
Wandeilson, o também filósofo Jorge Leão, o diplomata Frederico Araújo e os professores de literatura Rodrigo Pereira e Rafael Quevedo realizaram pesquisas e, numa escolha afetiva, buscaram alavancar esses dois grandes nomes da poesia maranhense. “É um grão de areia na quantidade de informações que esses homens produziram”, avaliou Wandeilson.
“Nosso movimento foi encontrar um pensamento neles, pois a literatura é uma fonte viva de encontro simbólico entre os homens”, afirmou. “Nas produções realizadas há muita referência a autores estrangeiros, como Baudelaire, Saramago e Fernando Pessoa, mas porque não buscar as fortunas em nossas próprias terras ?”, indagou.
José Chagas faleceu em 2014 e no ano seguinte morreria Nauro Machado. “A obra deles é nova mas pouco lembrada”, afirmou. “Quando nos deparamos com essa obra, percebemos o quanto eles tinham a oferecer”, prosseguiu. “A obra de José Chagas é muito robusta e foi muito lida por críticos nacionais e é necessário fazer uma arqueologia desse material”, pontuou. “Nauro Machado foi celebrado por Drummond e Guilherme Merquior, um dos maiores ensaístas que o Brasil já teve”, relembrou.
Segundo Miranda, a poesia não é só um entretenimento, mas um mergulho no pensamento, o vínculo fundamental entre o indivíduo e a sua relação com a totalidade. “Descobrimos que na poesia de José Chagas há uma meditação sobre a temporalidade humana, no sentido da morte, de Deus, do mundo; há várias temporalidades na poesia dele”, revelou.
O livro traz essa tentativa de mostrar que não é necessário ir atrás de autores estrangeiros, pois há construção de pensamento por meio da poesia, em terras maranhenses. “Nos dedicamos à obra ‘Os canhões do silêncio’ de José Chagas e tentamos pensar a ideia da temporalidade, pois o costumeiro, na filosofia é ir atrás de Santo Agostinho, de Heidegger e Bergson”, informou. “Mas por que não pensar o tempo ao lado de José Chagas que é um pensador-poeta ?”, provocou.
“Em Nauro Machado há uma poesia visceral, de um poder imenso, hermética, com um pensamento e uma força em sua sonoridade, em seus versos rimados e nas estruturas formais metrificadas”, avaliou. “Trata-se de uma grande e profunda meditação”, analisou.
Ao final da noite de autógrafos, Wandeilson Miranda agradeceu o apoio da FAPEMA. “Esse trabalho que a Fundação vem fazendo por todos esses anos, divulgando a obra dos escritores e as pesquisas maranhenses, é fundamental”, afirmou. “Ela tem dado a oportunidade para que esses trabalhos não sejam esquecidos”, concluiu.
Redação: Cláudio Moraes
Fotos: Odinei de Jesus