Estudo sobre fitoterápicos, em Imperatriz, é apoiado pela FAPEMA
O conhecimento sobre as plantas medicinais trouxe novas possibilidades de recuperar a saúde e garantiu o reconhecimento científico. Essa tradição popular tem sido estudada e originou a pesquisa que analisou a ação antimicrobiana dos medicamentos naturais, desenvolvida pela professora doutora em química da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Vera Lúcia Neves Dias, que elaborou uma lista de plantas medicinais usadas por moradores da comunidade de Bom Jesus, em Imperatriz (MA), para o tratamento alternativo de doenças.
Esse trabalho teve apoio financeiro por meio do edital de Apoio a Projetos de Extensão em Interface com a Pesquisa (AEXT- nº010/2010) da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).
Em fevereiro de 2009, foi publicada a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema Único de Saúde (RENISUS), que apresentou uma lista com 71 plantas que poderão ser utilizadas como fitoterápicos pelo SUS, com a valorização do conhecimento tradicional e o fortalecimento da agricultura familiar.
“Quando o Ministério da Saúde lançou essas 71 plantas, a intenção era de querer que essas famílias, que já trabalham com pequenas hortas, continuem plantando, mas com orientação, porque houve uma troca: os produtores estão trazendo o conhecimento deles e nós (pesquisadores) estamos levando o nosso”, afirmou Dias.
O aluno de agronomia Ricardo Vieira Silva, bolsista da FAPEMA, foi até a comunidade dos agricultores e explicou a importância de cultivar esse solo, detalhando o manejo adequado da terra sem agredi-la, evitando, dessa forma, erosão, uso indiscriminado de agrotóxicos e o desmatamento.
Já a aluna de biologia Raquel Araújo de Oliveira analisou e fez a catalogação das plantas, dispondo-as no herbário que possuem no Centro de Estudos Superiores da UEMA, em Imperatriz.
“Colhemos as plantas que eles já têm e depois de examinadas as propriedades da cada planta, devolvemos a esses produtores para replantarem, caso haja, realmente, características medicinais para tratar tais doenças. Ou seja, estamos incentivando as famílias a continuarem plantando, por exemplo, alho, mastruz, babosa e o crajiru (Fridericia chica), planta usada como chá anti-inflamatório para o tratamento de ferimentos”, afirmou Vera.
O crajiru foi uma das plantas encontradas na agricultura familiar, e que, após o exame em laboratório, teve suas propriedades ratificadas.
E assim, o estudo apresenta as potencialidades de cada planta e incentiva o cultivo, com técnicas de plantio que garantam a melhor eficácia desses remédios naturais.
Segundo a pesquisa, os dados etnobotânicos das espécies utilizadas como fitoterápico na comunidade de Bom Jesus, mostram que 92% dos entrevistados utilizavam plantas medicinais com frequência e apenas 8% não utilizavam onde seu cultivo se dá, ou seja, em suas próprias residências.
Além da professora Vera Lúcia e alunos bolsistas da FAPEMA, o trabalho é formado pela pesquisadora mestre em agronomia Ivaneide de Oliveira Nascimento, as mestras em bioquímica Sheila Elke Araújo Nunes e Marcia Guelma Belfort e a doutora em química Elizabeth Nunes Fernandes, todos profissionais da UEMA.
Visualize aqui a tabela com a lista de plantas medicinais utilizadas pelos moradores de Bom Jesus, Imperatriz, MA.