Estudo pretende contribuir para preservação dos Azulejos Portugueses do Centro Histórico de São Luís

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Por Ivanildo Santos 13 de março de 2015
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A cidade de São Luís, conhecida também como cidade dos azulejos, é detentora do maior conjunto arquitetônico colonial da América Latina, segundo a Fundação Pró-Memória. Este patrimônio histórico e cultural, constituído de sobrados, palácios, igrejas e casas que estão azulejadas internamente ou nas fachadas, fazem parte não só do patrimônio cultural dos maranhenses como também da humanidade.

Os azulejos oriundos de países como Alemanha, Bélgica, Espanha, França e Holanda, constituem 76% deste acervo artístico e cultural distribuído em aproximadamente 3.500 prédios civis e religiosos, com 312 padrões diferentes. Entretanto, a ação do tempo (fungos, algas, bactérias e liquens), e o vandalismo (furto de peças cerâmicas) vêm provocando sérios danos a este acervo sendo que somente no período de 2004-2006, o centro de Criatividade Odylo Costa Filho registrou a perda aproximada de 433 prédios, constatando também que 30% das fachadas apresentam danos que aumentam progressivamente.

Com a finalidade de contribuir para a preservação deste acervo cultural inestimável, o professor doutor, José Manuel Rivas Mercury, do Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Maranhão (IFMA) está trabalhando na pesquisa intitulada “Estudo Sistêmico dos Azulejos Portugueses do Centro Histórico de São Luís: Caracterização química e mineralógica”. 

O objetivo do estudo, segundo explica o professor, é caracterizar a composição química e mineralógica de azulejos portugueses do CHSL por Difração de raios X (DRX) e Florescência de Raios-X (FRX) visando o uso desta informação na determinação das possíveis matérias-primas utilizadas para a sua fabricação e a provável temperatura de queima alcançada durante a cocção destes materiais.

José Rivas destaca que durante as últimas décadas, a preservação do patrimônio cultural tem merecido especial atenção de cientistas, arquitetos e engenheiros. “Neste sentido, na literatura, há uma série de obras voltadas à conservação e reabilitação dos materiais de construção. No entanto, uma atenção relativamente modesta tem sido dada ao estudo dos azulejos antigos. Na verdade, há poucos estudos centrados na caracterização do corpo cerâmico (biscuit) de azulejos antigos, usando diferentes abordagens e técnicas analíticas como as propostas neste trabalho”, observa.

Metodologia

O estudo analisa a base dos azulejos denominada comumente de biscoito. Para a análise do biscoito, o fragmento do azulejo analisado é lavado e escovado com água e sabão neutro de modo a remover a máximo possível dos restos da argamassa de assentamento. Adicionalmente, uma porção do biscoito analisado será removida com espátula e bisturi, do interior da peça, o mais próxima ao vidrado. Todos os fragmentos serão identificados adotando-se a nomenclatura utilizada pela oficina do Centro de Criatividade Odylo Costa Filho.

“Todos os fragmentos serão esmagados em uma matriz de aço inox a uma pressão de 50 MPa. O material assim obtido será posteriormente homogeneizado num almofariz elétrico de ágata e moído durante 5 minutos num micronizador oscilante com jarro com elementos de ágata até passar totalmente pela malha 200 (75 µm)”, explica o pesquisador.

Compõem ainda a equipe de trabalho, sob a coordenação do professor Rivas, os professores doutores, Aluísio Alves Cabral Júnior e Antônio Ernandes Macedo Paiva, ambos do IFMA; os colaboradores, doutor Rômulo Simões Angélica, da Universidade Federal do Pará e os bolsistas Francisco Felipe Cunha, do curso de engenharia mecânica da UEMA e Mauro Romero Abreu, de engenharia química da UFMA.