Escritórios sem divisórias, a utopia que não funcionou

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Por Ivanildo Santos 17 de novembro de 2009

Para quem trabalha em escritórios sem privacidade, pode ser difícil acreditar, mas escritórios abertos, e divisórias baixas foram inventados por arquitetos e projetistas que tentavam transformar o mundo em um lugar melhor, que acreditavam que para quebrar as barreiras sociais era necessário quebrar também as paredes.exemplo_escritorio_aberto

No início do século 20, arquitetos modernistas como Frank Lloyd Wright consideravam as paredes e salas fechadas elementos fascistas. O espaço e flexibilidade de um escritório aberto, segundo eles, liberariam os donos das empresas e os funcionários do confinamento. Entretanto, as empresas adotaram a ideia não por uma questão de ideologia democrática, mas pela intenção de juntar o maior número possível de pessoas. O escritório aberto típico da primeira metade do século 20 continha longas fileiras de escrivaninhas ocupadas por funcionários administrativos de terno e gravata como uma linha de montagem.

A ideia das divisórias baixas foi uma tentativa de humanizar esse ambiente. Nos anos 1950, o Quickborner, um grupo projetista alemão, trocou as fileiras de escrivaninhas por agrupamentos mais orgânicos para dar mais privacidade ─ foi o Bürolandschaft, ou “escritório planejado”. Em 1964, a Herman Miller, empresa do ramo de móveis, introduziu o sistema Action Office, que oferecia superfícies mais amplas e mesas com altura regulável. Em 1968 Herman Miller começou a vender seu projeto em conjuntos modulares, o que infelizmente permitiu que as empresas aproveitassem a economia de espaço e deixassem de lado a humanização dos empregados.

À medida que as corporações começaram a transferir todos seus empregados, e não só os funcionários administrativos, para escritórios abertos, o projetista da Herman Miller, Robert Propst, repudiou sua criação chamando-a de “insanidade monolítica”. Atualmente, muitas empresas estão retomando o conceito de fileiras de escrivaninhas pré-divisórias ─ agora denominadas “cápsulas” ─ para dar ao escritório um tom ligeiramente modernista.

Embora os espaços abertos tenham a vantagem de promover a conscientização do ambiente e o trabalho de equipe, a meta-análise publicada por Vinesh Oommen, da Queensland University of Technology, Austrália, no ano passado, no Asia-Pacific Journal of Health Management revela que eles provocam relações de conflito, aumento de pressão e aumentam a rotatividade de pessoal. Resta a esperança de que o próximo impulso idealístico dos arquitetos seja mais bem-sucedido.