Equipe liderada por brasileiro descobre primeiro asteroide rodeado por anéis
No Sistema Solar, apenas quatro corpos celestes têm anéis ao seu redor: os planetas Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Eles nunca foram encontrados em objetos menores… até hoje. Uma equipe de astrônomos encontrou anéis em um local improvável: no longínquo asteroide Chariklo, que orbita o Sol entre Saturno e Urano.
O Chariklo é o maior dos centauros, corpos pequenos que orbitam o Sol entre Júpiter e Netuno. E, misteriosamente, ele ganhou dois anéis – que foram chamados de Oiapoque e Chuí. A descoberta foi realizada por uma equipe internacional liderada por Felipe Braga-Ribas, do Observatório Nacional no Rio de Janeiro.
Na verdade, os astrônomos não estavam procurando por anéis no Sistema Solar: eles estavam de olho em uma estrela. Com o auxílio de sete telescópios diferentes, espalhados pelo mundo, eles puderam observá-la desaparecer durante alguns segundos, quando sua luz foi bloqueada pelo Chariklo – e por algo ao seu redor.
Comparando observações feitas em diferentes locais, a equipe reconstruiu a forma e o tamanho do asteroide – e as propriedades dos anéis ao redor dele. Eles possuem 7 km e 3 km de diâmetro, e ficam a 9 km de distância um do outro. No entanto, eles são pequenos se comparados ao Chariklo, que tem 250 km de diâmetro.
A origem dos anéis é um mistério, mas acredita-se que eles foram criados por uma colisão no espaço. E a hipótese vai além: os detritos ficaram confinados em dois anéis devido à presença de pequenos satélites – só falta encontrá-los. “É provável que Chariklo tenha também, pelo menos, um pequeno satélite esperando para ser descoberto”, diz Braga-Ribas em comunicado à imprensa.
Por que esta descoberta é importante? Segundo o ESO (Observatório Europeu do Sul):
Os anéis poderão mais tarde dar origem à formação de um pequeno satélite. Tal sequência de eventos, a uma escala muito maior, pode explicar a formação da nossa própria Lua nos primeiros dias do Sistema Solar, assim como a origem de muitos outros satélites em órbita de planetas e asteroides.
O estudo foi publicado na revista Nature.