Empresas maranhenses focam mercado internacional com apoio da FAPEMA

Por Claudio Moraes 23 de junho de 2021

Produzir tubos helicoidais em canteiros de obras na Austrália, Portugal e Japão, negociar o fornecimento de bebidas para seis países em quatro continentes e fornecer um legítimo pão de queijo nordestino a vários estados brasileiros.

Esses são alguns casos de sucesso do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX), executado no estado, desde 2019, pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Tecnológico do Maranhão (FAPEMA). O programa tem por objetivo capacitar empresas a aproveitar oportunidades para exportar de forma planejada e segura.

A qualificação gratuita é promovida, em todo o país, pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-Brasil), uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos, detentora de um contrato de gestão com o Ministério das Relações Exteriores. No Maranhão, foi implantada pela primeira vez, há dois anos, em convênio com a FAPEMA que coordenou o núcleo operacional no estado.

A FAPEMA atuou no diagnóstico e na capacitação de 50 empresas maranhenses, para aumentar a sua competitividade exportadora, ofertar produtos de qualidade e formular as melhores estratégias para a atuação no processo de exportação.

 

Cases de sucesso


Os resultados de dois anos de trabalho no estado foram divulgados em solenidade virtual, na noite de terça-feira (22/06), transmitida ao vivo pelo canal oficial da FAPEMA no Youtube, com a participação de micro e pequenas empresas e representantes da APEX-Brasil, Governo do Estado, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Empresa Maranhense de Administração Portuária (EMAP) – parceiros no projeto.

“O programa nos dotou de coragem e aprendizado, conhecimento e capacitação”, disse Kellen Lalli de Oliveira, sócia da MENPS Tubos Helicoidais. “Foi fundamental, nos sentimos amparados e somos muito gratos”, afirmou. A empresa fabrica tubos, a partir de bobinas aço, com diâmetro de 600mm a 3000mm na chapa de 6mm a 19mm. Eles são utilizados em instalações como adutoras, oleodutos e em construções como pontes, terminais portuários, píeres. A empresa conquistou uma patente de fábrica móvel desses tubos que possibilita fabricá-los no local da obra em qualquer lugar do mundo.

 

“Foi bem interessante pois encontrei o caminho de exportação por obter mais competitividade para os nossos produtos”, afirmou Helder Sousa da Guarnicê Bebidas. Ele trabalha com bebidas alcoólicas com apelo amazônico, juçara, cachaça, tiquira e outras. “Após procurarmos a PEIEX, recebemos, em dois dias, o email da coordenação local”, destacou. “Construímos o plano de exportação e estamos executando”, assinalou. “Podemos até demorar a fechar negócios, mas ao mantermos contatos em rodadas internacionais e receber visitas, abriram-se diversas oportunidades que nos fez estudar ainda mais”, revelou. “São agradecimentos eternos, sou extremamente grato por ter sido acolhido pelo PEIEX e, agora poder ajudar alguns colegas”, prosseguiu. “Quero agradecer à FAPEMA, é incrível…, e deixo uma orientação: participem, não vai ser fácil, mas não tenham medo de entrar”, concluiu.

“O programa abriu um leque de opções e foi muito bom”, avaliou Jussara Gaspar que atua no ramo de alimentação com a marca DEJOUR, tendo o pão de queijo como carro-chefe. “O ramo requer um investimento alto em equipamentos, mas traçamos uma rota de planejamento e, em pouco tempo, conseguimos uma linha de produção”, relatou. “O nosso produto foi pensado para ter um sabor mais nordestino, com o queijo coalho”, afirmou. “Ainda não conseguimos exportar para o exterior, mas já vendemos para outros estados e estamos conseguindo nos posicionar para o público A e B,”, prosseguiu. “O mais importante foi a desmistificação da exportação para os pequenos negócios e isso me deixou muito feliz, abriu um horizonte muito grande”, celebrou. “Preciso me aprofundar no assunto, mas já sei todo o caminho a percorrer para exportar e o PEIEX foi fundamental para a empresa, me deu a oportunidade de buscar uma cosia bem maior e fico muito feliz”, concluiu.

 

Avaliação dos parceiros


Na avaliação do diretor-presidente da FAPEMA, André Santos, o produto maranhense tem potencial para o mercado nacional e internacional. “Precisamos alçar novos voos através desse fomento federal para se alcançar mercados de exportação que não eram visíveis”, afirmou. André Santos destacou, ainda, ações voltadas para empresas realizadas em parceria com a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (SECTI), como os editais de startups, programa Centelha e Tecnova, além do edital de fomento à economia criativa, em convênio com o Sebrae. “Precisamos aumentar essa ação e a capacitação pelo PEIEX foi um sucesso, pelo grande número de empresas cadastradas e capacitadas”, mencionou.

A coordenadora de qualificação da APEX-Brasil, Rita Albuquerque, mostrou-se satisfeita com os resultados. “Não há aventura no mercado internacional, pois as exigências são muito grandes e os desafios enormes”, afirmou. “A FAPEMA foi uma grande parceira e mostrou ser possível levarmos as empresas maranhenses para o mundo”, avaliou. “Estamos sempre próximos do Sebrae, pois precisamos ver com muito carinho as micro e pequenas empresas”, ressaltou. “O ano passado foi um desafio para todos e há depoimento de que o faturamento de algumas empresas foi maior pela exportação que propiciou a sobrevivência”, revelou. “É um esforço de um conjunto de instituições sérias”, sintetizou.

 

Para o secretário estadual da SECTI, Davi Telles, o programa é estratégico e promove o desenvolvimento. “Parabéns à FAPEMA e a toda equipe do PEIEX, pois levou muito a sério esse programa”, avaliou. “Os tempos são difíceis, mas temos muito a avançar, pois o Maranhão mostra que consegue gerir o maior porto do país, que é possível investir em ciência e tecnologia e que pode atuar na economia mundial”, finalizou.

 

Albertino Leal, superintendente do SEBRAE/MA, ressaltou as ações conjuntas desenvolvidas com a FAPEMA para melhorar o desempenho dos pequenos empreendimentos para gerar competividade e mercado. “Com a pandemia, ficou mais claro que o local é internacional”, avaliou. “Temos que nos preocupar cada vez com o que vem de fora, temos que ser competitivos”, prosseguiu. “Com essa parceria no programa, fizemos a preparação das empresas para as rodadas de negócios, ações de consultoria, formação de preço e venda focados no mercado internacional e modelagem em design”, relatou. “Muitos ainda pensam que para inovar precisa de muito investimento, mas podemos fazer, precisamos de uma mudança cultural”, disse. Ele também mencionou o edital de apoio à economia criativa lançado há quase dois anos em parceria com a FAPEMA. “É importante comemorar, verificar os resultados e ver o que pode ser melhorado” concluiu.

O presidente da EMAP, Eduardo Lago, afirmou que sempre que a instituição sempre busca novas cadeias com pequenos negócios e a agricultura familiar. Para ele, o maior desafio é organizar as empresas para serem exportadoras, “mas não é um bicho de sete cabeças”. Em sua recomendação, “precisamos pensar em cadeias produtivas”. E finalizou: “o Porto está de portas abertas para fazer do Maranhão um grande exportador”.

 

O coordenador de Inovação e Empreendedorismo da FAPEMA e do PEIEX no estado, Mauricio Sá, afirmou que o fim do ciclo revelou potencial e a vocação para exportação. “Estamos falando de micro e pequenas empresas que agora começarar a ter interesses e competir no mercado internacional”, ressaltou. “Foi um valioso acompanhamento, com uma equipe de excelência”, mencionou. “Foi uma grande obra, a PEIEX mostrou o seu grande potencial e que tenha vida longa”, concluiu.

 

A solenidade contou, ainda, com a presença de Sérgio Ferreira, do escritório APEX Brasil Nordeste, e de Ulisses Medeiros da APEX Brasil,

 

Saiba mais sobre a APEX-Brasil e o novo edital
APEX-Brasil tem 20 anos de atuação e mantém um contrato de gestão com o Ministério das Relações Exteriores. Com sede em Brasília, conta com representantes em todo o país, e escritórios em 13 países. Atua na promoção da exportação, capacitação, inteligência de mercado e geração de oportunidades.

 

De acordo com a Rita Albuquerque, no ano passado 4 mil empresas foram capacitadas. “Setenta e cinco por cento foram micro e pequenas empresas”, revelou. “É impressionante como percebemos o impacto nas empresas quando pensam no mercado internacional como meta, pois elas se desenvolvem muito”, avaliou.

 

Em setembro está previsto o lançamento de novo edital de chamamento público para executores do programa em todo o país. Na nova edição, deverão ser realizados atendimentos on line às empresas. “É possível manter a qualidade com o atendimento remoto”, afirmou Rita. “O físico já não é o limite, vamos usar o digital a nosso favor e atender todo o estado”, concluiu.