Dieta rica em ômega 3 pode impedir degeneração macular

omega3
Por Ivanildo Santos 11 de agosto de 2009

Pesquisa americana publicada recentemente no British Journal of Ophthalmology sugere que pessoas com degeneração macular relacionada à idade (DMRI) devem seguir dietas ricas em ômega 3 e em alimentos com baixo índice glicêmico ─ que liberam açúcar mais lentamente . As descobertas se basearam em exames feitos em quase 3 mil pessoas. O avanço de duas formas da doença, seca e úmida, foi 25% menor entre os que consumiram uma dieta rica em ácidos graxos, como o ômega 3.

A degeneração macular relacionada à idade atinge especialmente pessoas com mais de 60 anos e pode levar à cegueira se não for tratada. Estima-se que aproximadamente 10% das pessoas entre 65 e 74 anos e cerca de 30% com mais de 75 anos sejam portadores da doença no mundo. De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 2,9 milhões de pessoas com mais de 65 anos sofrem com o problema no Brasil. A DMRI atinge a mácula, a área nobre e central da retina, responsável por enxergarmos os detalhes e as coreomega3s. Com o envelhecimento, a região recebe menos oxigênio e para compensar essa deficiência, os vasos sangüíneos começam a se reproduzir descontroladamente.

De acordo com o estudo, os ácidos graxos – encontrados em abundância em peixes como salmão e cavalinha – podem desacelerar ou até frear o progresso da doença. A pesquisa também revelou que pessoas em estágio mais avançado da doença e que seguiam uma dieta de baixo consumo de açúcar acompanhada de suplementos de vitaminas e minerais antioxidantes, como vitamina C e zinco, tiveram redução da degeneração em até 50%.

Estudos anteriores já tinham mostrado que a prevenção da doença está relacionada à ingestão de zinco e antioxidantes e à redução no consumo de alimentos gordurosos. A nova pesquisa concluiu que a suplementação é ainda mais eficaz quando associada à ingestão de alimentos que contem ômega 3 e baixo índice glicêmico.

Ainda que a origem da doença não tenha uma única causa conhecida, sabemos que a idade é o principal desencadeador do problema e que existem outros fatores que contribuem para o aparecimento da degeneração macular, como por exemplo, o excesso de colesterol no sangue e a exposição à luz solar, por ocasionar morte celular na região. Por isso, deve-se usar sempre óculos de sol com proteção contra os raios UV-A e UV-B que podem danificar a retina.

Fumantes também apresentam mais propensão à doença. O cigarro acelera a oxidação do organismo e favorece a formação de drusas – acúmulos de substâncias tóxicas nas camadas mais profundas da retina. “As drusas são fortes indicadores do surgimento da degeneração macular e mostram que o metabolismo está envelhecendo e não tem mais condições de eliminar as substâncias que produz”, esclarece o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares (IMO).

Enquanto avançam os estudos sobre a relação entre dieta e prevenção da degeneração macular, a forma mais eficiente de prevenir a doença é o exame oftalmológico de rotina, que deve ser feito anualmente. Caso haja alguma suspeita, o oftalmologista pode solicitar exames complementares, como a angiofluoresceinografia e a tomografia de coerência óptica. É preciso envolver o oftalmologista e o paciente, para se garantir a detecção precoce da DMRI, quando as chances de recuperação da visão e o controle da doença são maiores.

Atualmente, existe tratamento somente para a forma úmida da doença, que atinge somente 10% dos pacientes com degeneração macular. “A forma seca interfere menos na acuidade visual e ocorre mais lentamente, mas deve ser diagnosticada o quanto antes, porque não tem cura”, adverte Maurício Pinheiro, o oftalmologista especialista em retina do IMO.