Degradação dos recursos hídricos na Ilha de São Luis preocupa pesquisadores

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Por Ivanildo Santos 4 de outubro de 2013

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O meio ambiente está cada vez mais em pauta, infelizmente quase sempre em decorrência dos problemas causados pela ação do homem. O superaquecimento do planeta, as drásticas mudanças climáticas e a poluição no ar e na água são apenas alguns dos sintomas de que o ser humano tem usado mal os recursos oferecidos.

Com o intuito de avaliar a qualidade da água e dos sedimentos encontrados nos rios Bacanga e Anil, ambos da Ilha de São Luís, o doutor em Química Ambiental, Gilmar Silvério da Silva, coordenou, entre 2010 e 2012, um estudo, que recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA, com foco na proteção da vida aquática e do uso social da água na ilha. “O estudo está concluído, mas não esgotado. Infelizmente, de acordo com os resultados obtidos a qualidade da água varia de ruim a péssima”, explicou o pesquisador.

O grande problema são os esgotos das residências, que segundo a pesquisa, deságuam todos nos rios. “Temos pouco ou nenhum tratamento nos esgotos domésticos da ilha. Os níveis de amônia estão altos e isso prejudica o desenvolvimento da vida nesses rios, e também deixa a água imprópria para consumo humano, devido aos altos índices de fósforo e nitrogênio”, avaliou Gilmar Silvério.

A população dos municípios que compõe a ilha, principalmente da capital, São Luis, teve um crescimento acelerado o que se correlaciona diretamente com a poluição dos rios.

Outro fator, ainda mais perceptível, é o mal cheiro causado pela decomposição das algas. “Quando esses seres morrem liberam sulfeto e amônia, o que causa os odores desagradáveis, sentidos em maior proporção na Lagoa da Jansen, mas já presentes nos rios Bacanga e Anil” comenta o pesquisador.

Gilmar salienta, ainda, que o fenômeno conhecido como eutrofização artificial, ou seja, o desequilíbrio na produção ou consumo de nutrientes nas águas devido ao despejo de esgotos domésticos está se estendendo para o mar. “Se nada for feito teremos um grave problema ambiental já nos próximos anos. Os sistemas Anil e Bacanga são como grandes esgotos a céu aberto e os dois deságuam na Baia de São Marcos”.

O estudo, que será publicado em breve em revistas científicas, revelou que os sedimentos encontrados no fundo dos rios contem níveis avançados de metais pesados como o chumbo, níquel e cromo.

Gilson Silvério é doutor em Química Ambiental, faz parte da equipe docente do Instituto Federal do Maranhão – IFMA e desenvolve pesquisas com sistemas hídricos.