Coleta de sementes ajuda reposição de espécie amazônicas
Pesquisadores do Instituto Mamirauá fizeram a primeira coleta de frutos deste ano para o trabalho de reposição florestal nas Reservas Mamirauá e Amanã. As sementes colhidas serão estudadas para, posteriormente, serem transformadas em mudas e plantadas em áreas dessas unidades de conservação.
A ação é uma iniciativa do projeto “Participação e sustentabilidade: o uso adequado da biodiversidade e a redução das emissões de carbono nas florestas da Amazônia Central”, desenvolvido pelo Instituto Mamirauá, com financiamento do Fundo Amazônia.
O período de cheias dos rios dificulta o deslocamento dentro da floresta: trajetos que antes eram feitos pé precisam ser feitos em barcos, o que afeta vários pesquisadores que necessitam estar na reserva para adquirir dados. Mas os desafios precisam ser superados, pois entre abril e julho a maioria das árvores da várzea está em período de floração e frutificação, sendo a época exata para coleta de sementes.
“É importante coletarmos no período correto de maturação. Não podemos colher o fruto muito verde e nem atrasar muito para coletar”, explica a pesquisadora do instituto Auristela Conserva. “Precisamos ter o embrião desenvolvido dentro da semente e, se a coleta é feita muito cedo, ele não estará desenvolvido e não haverá germinação. Se demorar muito tempo para coletar, pode-se chegar a um momento em que os frutos já tenham caído e sido dispersados”.
Ela conta que outra dificuldade é a altura das árvores. Os pesquisadores usam um podão para alcançar frutos em galhos altos, porém, muitas vezes, essa ferramenta não é suficiente e um escalador é chamado para auxiliar na poda dos galhos. O problema é que, com a cheia das águas, muitos insetos se abrigam nas árvores – formigas são comuns em galhos e elas não hesitam em atacar o escalador nas alturas.
Mesmo com as adversidades naturais, a coleta foi bem sucedida: foram colhidos mais de 4 mil frutos de ucuúba (Virola surinamensis), espécie considerada ameaçada, e de castanharana.
“A expedição foi muito boa. Conseguimos duas espécies que estavam frutificando e coletamos muitos frutos. Precisamos de uma grande quantidade de frutos, porque fazemos três tratamentos de luz e quatro tratamentos de inundação para verificar as características de germinação, e esses tratamentos necessitam de quatro repetições com no mínimo 100 sementes”, disse Auristela.