Cientistas querem colaborar com indústria

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Por Ivanildo Santos 28 de maio de 2009
med_copy_copy_copy_copySBPC cria comissão para alinhar a ciência com os desafios de inovação

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) acaba de dar um passo importante para tentar diminuir o abismo histórico que separa o meio científico do setor empresarial brasileiro: a criação de uma comissão, integrada por 22 sociedades científicas, que terá a incumbência de mapear os principais gargalos da ciência brasileira em face aos desafios de inovação das empresas. O objetivo é produzir um documento que forneça diretrizes para a elaboração de políticas públicas industriais e de ciência, tecnologia e inovação (C,T&I). A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC), apóia a iniciativa da SBPC.

A comissão, que fez sua primeira reunião dia 23 deste mês, na sede da SBPC, em São Paulo, terá um ano para elaborar um documento com suas proposições. Para tanto, serão analisados e discutidos estudos e pesquisas já disponíveis e também haverá workshops, promovidos pela SBPC com representantes de associações industriais, de órgãos do governo (incluindo agências fomento à pesquisa) e do setor financeiro. “A princípio, o documento contemplará as contribuições das ciências básicas e das engenharias, além da computação e da estatística”, afirmou o coordenador da comissão, o professor Roberto Mendonça Faria, do Instituto de Física da USP, de São Carlos (SP). Faria participou da elaboração de um documento similar, organizado com a colaboração da Sociedade Brasileira de Física (SBF), que foi encomendado pela Capes com a mesma finalidade.

“Do documento da SBF saíram propostas que foram implantadas por órgãos do governo federal, a exemplo do Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), já instituído pelo Ministério da Ciência e Tecnologia”, afirmou o presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães, na abertura da reunião. O Sibratec é uma espécie de rede temática de instituições de pesquisa públicas e privadas que está sendo construída para dar suporte ao setor privado, com vistas à promoção da transferência do conhecimento.

O presidente da SBPC, Marco Antonio Raupp, lembrou que, apesar de ser fundamental para a sua competitividade, o Brasil ainda carece de um planejamento na área de C&T adequado às necessidades do setor produtivo. A comissão criada pela SBPC é uma oportunidade para suprir essa lacuna, especialmente numa era em que a liderança dos países está mais do que nunca atrelada à economia do conhecimento. “A Capes está aberta a propostas que visem aumentar a competitividade da indústria nacional por meio da formação de mão-de-obra qualificada e adequada às necessidades do setor privado”, informou Guimarães.

Andamento dos trabalhos

A próxima reunião da comissão da SBPC ocorrerá no final de maio, quando será realizado o workshop com as entidades representativas da indústria. 
No último encontro, além da SBPC, estiveram presentes representantes das sociedades científicas das seguintes áreas: Biofísica (SBBF), Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq), Engenharia Biomédica (SBEB), Farmacologia e Terapêutica Experimental (SBFTE), Física (SBF), Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC), Microbiologia (SBM), Pesquisa Odontológica (SBPqO), Pesquisa Operacional (SOBRAPO) e Química (SBQ).

Os representantes das demais sociedades, que não puderam participar da primeira reunião, serão comunicados das diretrizes e dos cronogramas estabelecidos para o andamento dos trabalhos. Além da Academia Brasileira de Ciências, são as sociedades das seguintes áreas: Agrometeorologia (SBA), Biologia Experimental (FESBE), Ciência e Tecnologia de Alimentos (SBCTA), Computação (SBC), Eletrônica de Potência (SOBRAEP), Estatística (ABE), Genética (SBG), Física Médica (ABFM), Microeletrônica (SBMicro), Microondas e Optoeletrônica (SBMO),  Microscopia e Microanálise (SBMM) e Pesquisa em Materiais (SBPMat).
 
Acadêmica Agência de Comunicação