Aquecimento global contribui para redução de espécies marinhas na Baía de São Marcos
Segundo dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007, a manutenção dos níveis de poluição atmosférica atuais deve provocar um aumento na temperatura mundial na média 3º C até o fim do século XXI.
Diante deste quadro, uma pesquisa apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA busca avaliar os efeitos do aquecimento global para a região portuária da Baía de São Marcos, no Maranhão.
O trabalho é coordenado pela professora Andrea Christina Gomes de Azevedo Cutrim, do curso de Ciências Biológicas (DQB/UEMA), em parceria com as professoras Paula Cilene Alves (DEOLI/UFMA), Leila Cristina Almeida de Sousa (Uniceuma) e a bolsista de IC/UEMA Lyssandra Ferreira.
O estudo avalia as implicações das alterações climáticas para a biodiversidade da Baía de São Marcos.
“Nós observamos que algumas espécies hoje encontradas na Baía de São Marcos não são as mesmas de vinte anos atrás, o que nos motivou a avaliar com mais detalhes as condições ambientais da Baía”, conta Andrea Azevedo Cutrim.
A pesquisadora falou sobre a importância da população de plânctons para o ambiente marinho.
“Esses organismos são vistos na base da teia. Se houver supressão desses seres microscópicos, haverá consequentemente falta de alimento para os outros animais dessa teia, o que poderá afetar na quantidade e qualidade do pescado que chega às nossas mesas”.
O trabalho declara que aspectos antrópicos também são considerados causadores do declínio biológico observado na Baía.
Como a presença da zona portuária, que acarreta na grande movimentação de navios e o despejo de água de lastro que trazem para a Baía organismos que não são característicos do ambiente.
Segundo o trabalho, outro fator que resulta na modificação das comunidades representantes da Baía de São Marcos pode também estar diretamente ligada ao aquecimento global.
“A partir dos dados de temperatura e precipitação pluviométrica dos últimos 40 anos, aliado às variações na biodiversidade, nós estimamos possibilidades para o futuro, e as previsões não são as melhores possíveis”, alerta a pesquisadora.
Dados do Laboratório de Meteorologia da UEMA, trabalhados pelas pesquisadoras, mostram que a temperatura da cidade de São Luís tem sofrido grandes oscilações.
Também ocorreu forte descontrole e atipicidade nos padrões de chuvas, além de avanço nos níveis do mar, com invasão e prejuízos em praias da orla da capital.