Amazônia Legal: Governo do Maranhão define cadeias estratégicas em parceira com o Ministério da Ciência e Tecnologia
Agricultura, turismo, recursos florestais não madeireiros, energias renováveis e florestas e uso do solo. Esses foram os temas dos debates realizados durante a oficina de trabalho da iniciativa Amazônia +10, realizada no Convento das Mercês, em São Luís (MA), nesta quinta-feira (26). O evento foi mediado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, com apoio da FAPEMA e da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Maranhão (Secti).
Durante o encontro, foram definidas e priorizadas cadeias estratégicas na Amazônia Legal, com foco no Maranhão, com base em debate coletivo sobre os desafios enfrentados pela região. “Essa iniciativa é importantíssima para a região amazônica, com a união dos principais atores que tem a meta de promover mudanças positivas na região”, ressaltou o presidente da Fapema, Nordman Wall.
A líder do projeto Amazônia +10 e chefe de gabinete do CGEE, Adriana Badaró, falou da importância das discussões no Maranhão. “Estamos felizes de estamos aqui no Maranhão conversando com tantos atores importantes do sistema local de ciência, tecnologia e inovação para, juntos, identificarmos quais as demandas as oportunidades e os desafios relacionados ao desenvolvimento local e regional”, destacou.
Após a definição dos temas de discussão, forma identificadas as cadeias de pesquisa e produção, detalhamento e apresentação de resultados. O Maranhão é o quinto estado a receber a oficina. A previsão é de que a reunião com representantes de todos os estados da iniciativa Amazônia +10 ocorra em dezembro, com a consolidação das propostas, para definição de políticas públicas nacionais no âmbito da pesquisa e inovação alinhadas com o desenvolvimento e aperfeiçoamento de cadeias produtivas.
Participaram da discussão representações do Governo do Estado, das universidades, instituições federais, dos movimentos sociais, startups, ONG’s e agências de fomento e de formação empreendedora. A metodologia utilizada priorizou a empatia e diversidade de saberes, diálogo colaborativo, inteligência e construção coletiva, conexão de diferentes perspectivas e geração de sinergia.
O secretário adjunto de Segurança e Cidadania Digital da Secti, Saulo Lima, ressaltou a existência de projetos do Governo do Maranhão que envolvem cadeias produtivas a serem desenvolvidos. “São iniciativas como essa que irão facilitar pra que se possa manter um diálogo e colaboração para que alcançar os objetivos”, destacou.
Georgiana Marques, 42, diretora de pesquisa do Instituto Federal do Maranhão, considerou o momento muito importante. “A Amazônia está precisando de iniciativas que respondam, de forma real, às suas dores e problemas, e a essa inciativa de construção coletiva é bem louvável,” avaliou.
“É um momento de diálogo muito importante diante das ações de destruição da Amazônia que vem acontecendo”, ponderou a estudante do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Maria Clara Mendes, 23.
Para Eduardo Aguillar, 51, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), a muito promissora a iniciativa de unir vários setores para discutir temas relevantes para o Maranhão. “Há muitas perspectivas de avançar nos temas ligados à questão ambiental, de ocupação territorial e das cadeias de produção”, avaliou.
Sobre o Amazônia+10
O programa Amazônia +10 para o desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação na região foi concebido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e executado, em parceria, pelos conselhos nacionais de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I (Consecti) e das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap).
A primeira chamada de trabalhos no âmbito do Programa Amazônia+10 ocorreu em 2022, apoiando pesquisas destinadas a avançar o conhecimento científico e tecnológico sobre a região amazônica. No total, mais de 500 pesquisadores de 20 estados brasileiros receberam financiamento.
A Floresta Amazônica ocupa 34% do território maranhense, o equivalente a 81.208,40 km², engloba 62 municípios do estado, um prolongamento que parte do Rio Gurupi, nas cidades de Carutapera chega em São Luís, passa por Santa Inês, Formosa da Barra Negra e alcança a cidade Carolina.
Cinco propostas maranhenses foram selecionadas no edital de apoio à pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico de pesquisadores, instituições e empresas sobre os problemas atuais da Amazônia. Os estudos apoiados nesta chamada vão contribuir para avançar no conhecimento científico e tecnológico sobre a região, propondo soluções com base na realidade destas comunidades.
Os estudos com a participação dos pesquisadores maranhenses tratam dos eixos temáticos Território, Povos da Amazônia e Fortalecimento de Cadeias Produtivas Sustentáveis. Os pesquisadores são da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Os estudos serão desenvolvidos nos estados do Amapá, Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão, que compõem a região Amazônia Legal.
As pesquisas com participação maranhense selecionadas foram: ‘Territórios sociobiodiversos no Maranhão e Pará: Ambiente, conhecimento e sustentabilidade’, de Benedito Souza Filho, da UFMA; ‘Inovação e transição sustentável: cesta de bens e serviços em territórios amazônicos’, de Itaan Santos da UEMA; ‘Recuperação de fósforo secundário para uma agricultura ecológica em solos amazônicos: avaliação do potencial fertilizante da estruvita proveniente de efluentes da aquicultura’, de Adenilson Santos da UFMA.
Ainda, os estudos ‘Resina de breu branco como plataforma de bioprodutos: de combustível a polímeros sustentáveis’, de Márcio Aurélio Almeida da UFMA; ‘Inovações tecnológicas para monitoramento controle vetorial e dos agentes etiológicos da malária e dengue na Amazônia’, de Joelma Soares da Silva da UFMA.
Os trabalhos estão sendo executados coletivamente, em conjunto com pesquisadores das universidades estaduais de Campinas (Unicamp), Maringá (UEM), Londrina (UEL); as federais do Oeste do Pará (UFOPA), de Santa Catarina (UFSC), do Amapá (UNIFAP), do Rio de Janeiro (UFRJ), do Amazonas (UFAM); e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
Texto: Claudio Moraes
Fotos: Rubenilson Costa