Alternativas para prática de manejo de soja e feijão são aplicadas na região do baixo Parnaíba
O Maranhão possui extensas áreas onde o uso intenso do solo não pode ser recomendado, devido à baixa capacidade de suportar cultivos intensivos. Em função disso, essas áreas não são adequadas para instalação de projetos de Agricultura Familiar baseados na produção de culturas anuais. Cinquenta por cento (50%) delas estão situadas na microrregião de Chapadinha. De acordo com estudiosos, uma das principais razões para os baixos níveis de produtividade verificados nesses locais é o cultivo de genótipos não adaptados ou não melhorados.
Partindo da necessidade de selecionar genótipos mais eficientes para as condições da região, a professora Maria da Cruz Chaves Lima Moura, do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais de Chapadinha, ligado à Universidade Federal do Maranhão – UFMA, iniciou em 2010 o projeto “Alternativas de prática de manejo de soja e feijão”. O estudo, que contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – FAPEMA tem como objetivo indicar opções de matrizes tecnológicas com práticas de manejo sustentáveis e seleção bactérias do grupo rizóbio, mais eficazes na captura do nitrogênio atmosférico com seleção de genótipos de soja e feijão caupi mais produtivos.
“Nosso propósito é contribuir para a melhoria contínua dos cenários de desenvolvimento diversificado do leste maranhense, particularmente na microrregião de Chapadinha”, declarou a professora Maria Moura. Doutora em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa e pós-doutora em melhoramento genético vegetal pela Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF, Campos dos Goytacazes/RJ, Maria Moura tem atuado na área de Agronomia, com ênfase em biometria, melhoramento plantas e recursos genéticos vegetais.
De acordo com a pesquisadora, na região do baixo Parnaíba, especialmente em Chapadinha, o revolvimento do solo por meio de gradagens sucessivas quebra a frágil estrutura da camada revolvida que, a partir daí, inicia um rápido processo de recompactação facilitado pelos seus elevados teores de areia fina e pelo enorme impacto das torrenciais chuvas que se iniciam logo após o preparo do solo. Isso tudo contribui para a baixa produtividade do solo.
Por outro lado, existe um recurso natural, a carnaúba (Copernicea cerifera Mart.), que é uma ótima opção de cobertura vegetal e que, segundo Maria Moura, propicia diversos benefícios, como “a melhoria da estrutura física do solo, evita perdas elevadas de água e nutrientes. Além disso, promove o arejamento do solo e melhora o aproveitamento da água. Também reduz o escorrimento superficial da água, prevenindo a erosão e facilitando o manejo”, explicou a professora.
Resultados – A pesquisa “Alternativas de prática de manejo de soja e feijão” foi concluída em dezembro de 2011 e os pesquisadores verificaram que, no caso da soja, o sistema de cultivo com palha da carnaúba proporcionou ganho de produtividade de 10,9% em relação ao sistema de cultivo sem cobertura de solo com palhada e de 19,52% sobre o sistema intercalado com arroz. No caso do feijão caupi, o sistema de cultivo com palhada de carnaúba apresentou maior rendimento de grãos, superando o sistema sem palhada da carnaúba em 2,69 sacas de 60 kg.