O impacto dos vibrios no século XXI

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Por Ivanildo Santos 4 de novembro de 2009

O Rio de Janeiro é sede do III Congresso Internacional sobre Biologia de Vibrios, que entre 4 e 6 de novembro debaterá os impactos destes micro-organismos na saúde pública, no ambiente e na economia. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) são os anfitriões do encontro, que reunirá membros da Associação Internacional dos Pesquisadores em Vibrios, incluindo pesquisadores das Américas, Ásia, Europa e Oceania.

Os vibrios são bactérias presentes em oceanos, rios e lagos de todo o mundo e funcionam como indicadores de mudanças em ambientes aquáticos. Eles são responsáveis pela ocorrência de agravos como cólera e gastroenterites. Estas bactérias convivem em equilíbrio com o ecossistema no qual estão inseridas. Entretanto, algumas espécies têm alterações em sua estrutura e se transformam em patógenos de doenças que atingem seres humanos, animais e plantas.biologia_vibrios

Ana Carolina Vicente, chefe do laboratório de Genética Molecular do IOC e uma das coordenadoras do evento, ressalta a importância de estudar estes micro-organismos. “A infecção com vibrios impacta diretamente a saúde do homem, já que a contaminação pode ocorrer pela via alimentar, no consumo de peixes e crustáceos contaminados. Outra característica fundamental desta bactéria é que ela funciona como indicador biológico para mudanças ocorridas em ecossistemas, ou seja, auxilia no monitoramento das mudanças climáticas,” reforça.

A espécie de vibrio mais conhecida é o cólera, agente etiológico da infecção que atinge parte significativa de países na América Latina, Ásia e África e está relacionada à falta de saneamento. Os sintomas da doença são diarreia, cólica abdominal, náusea, vômitos, dor de cabeça, febre e calafrios. As gastroenterites, infecções causadas pelo vibrio Parahaemolyticus, apresentam quadro clínico semelhante, porém com manifestações mais brandas. A espécie Vulnificus, rara no Brasil, é responsável por uma síndrome conhecida como septicemia primária, que acomete pacientes com doenças crônicas ou imunodeprimidos atingindo a corrente sanguínea e provocando choque séptico fulminante no paciente.

Temas como taxonomia genética de vibrios; genômica e virulência de vírus patogênico; simbiose e interação micro-organismo e hospedeiro; mudanças climáticas globais e a dinâmica da cólera serão expostos em conferências na terceira edição do encontro da Associação Internacional dos Pesquisadores em Vibrios. O grupo formado por pesquisadores do Brasil, México, Estados Unidos, Israel, Índia, Bangladesh, Japão, Alemanha, Bélgica, Itália, França, Suíça, Reino Unido e Austrália foi criado em 2005, na Bélgica. A segunda reunião foi realizada em Paris, no Instituto Pasteur, em 2007.

Pioneirismo

O laboratório de Genética Molecular de Micro-organismos do IOC é um dos pioneiros no estudo de vibrios no Brasil. Em 1991, montou um grupo de pesquisa para estudar a epidemia de cólera que atingiu o país e, desde então, lidera parcerias nacionais e internacionais. Atualmente desenvolve um estudo inédito de taxonomia genômica dos vibrios, em colaboração com a UFRJ, classificando espécies, gênero e famílias com base no DNA da bactéria. O laboratório também desenvolve estudos com o Instituto Nacional de Cólera de Calcutá, na Índia, e com centros de pesquisa na África, com foco na pesquisa de epidemias de cólera em Gana e na Nigéria.

Serviço:

Vibrios 2009: III Congresso Internacional sobre Biologia de VibriosDe 4 a 6 de novembro de 2009
Auditório da Decania do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ
Cidade Universitária – Ilha do Fundão
Rio de Janeiro – RJ
Programação:
http://www.biologia.ufrj.br/vibrio2009/index.html