Participação das mulheres na política é tema de estudo

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Por Ivanildo Santos 9 de março de 2015

0mulher 6Mesmo sendo a maioria dos eleitores, 52,07% do total, a participação das mulheres brasileiras na vida política ainda é considerada tímida, apesar dos já notórios avanços alcançados. Informações da Câmara dos Deputados Federais dão conta que de acordo com um estudo da União Interparlamentar, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil ocupa o 120º lugar em um ranking da proporção de mulheres nos parlamentos, ficando atrás de países islâmicos como Paquistão, Sudão e Emirados Árabes Unidos.

O desejo de conhecer essa realidade sobre a participação das mulheres na política no âmbito local, levou a professora doutora, Maria Mary Ferreira, coordenadora do grupo de Estudos Mulher, Política e Poder da UFMA, a realizar a pesquisa “Vereadoras e Prefeitas Maranhenses: ação política e gestão municipal com enfoque de gênero”, que resultará em um livro a ser lançado em junho deste ano.

A publicação tem o apoio da Fapema, por meio do edital de Apoio a Publicação de Revistas, Livros, Coletâneas, Catálogos e Editoração Eletrônica Técnico-Científica (APUB/2013), com o objetivo de construir referenciais que problematizem a presença desigual de mulheres nos espaços de poder.

“A situação se torna grave e preocupante quando se percebe que no Maranhão, a exemplo de outros estados brasileiros, tem municípios que não elegeram nenhuma mulher, fato observado em vinte e três municípios maranhenses na eleição de 2012”, destaca a pesquisadora. Entre os municípios onde a pesquisa foi realizada estão Chapadinha, Matões, Lago da Pedra, Senador La Roque, Caxias, Bacabal, Santa Rita e São Luís.

O estudo sobre vereadoras e prefeitas no Maranhão traz um conjunto de questões que perpassam as relações de gênero e poder. “Observamos que há um avanço no debate político acerca das práticas e das relações patriarcais nas relações com o poder, entretanto, as mulheres ainda enfrentam desafios difíceis de serem superados a curto e médio prazo, dada a definição de lugares atribuídos às mulheres, ainda vistas como não afeitas à política”, revela Mary Ferreira.

Em se tratando do Município de Senador La Roque, como exemplifica a pesquisadora, onde a maioria das vereadoras são mulheres, há uma relação clara de exercício de poder, em grande parte facilitado pela condição de maioria e pela formação educacional, uma vez que as mulheres, praticamente todas, têm formação universitária e pós-graduação. “Esse fato marca um diferencial muito grande no debate político, conforme pude observar nas entrevistas”, destaca a pesquisadora.

Foto Mary Imparcial

“Apesar disso e mesmo considerando a formação, há ainda a dificuldade de muitos homens reconhecerem as mulheres como sujeitas, como políticas capazes de contribuir com a construção das cidades, com a melhoria da qualidade de vida dos munícipes. Ainda há vereadores que consideram as mulheres ‘desnecessárias’”, completa.

Os fatos, segundo explica Mary Ferreira, ilustram as muitas barreiras que as mulheres enfrentam para legislar e para administrar um município. “Tais barreiras se transformam em formas de interdição do exercício do poder feminino e têm funcionado como um impedimento para que as mulheres alcancem o status de ser político”, finaliza a pesquisadora que já estuda o tema sobre mulheres na política desde 1998.