Pesquisa propõe zoneamento e conservação de aquíferos de São Luís

agua site 3
Por Ivanildo Santos 11 de fevereiro de 2015

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Uma possível crise hídrica assombra grande parte do Brasil. Alguns estados já convivem, inclusive, com a possibilidade de um severo racionamento de água. No Maranhão, mesmo a situação não estando ainda tão grave, medidas preventivas precisam ser tomadas para que a população não fique sem água nas torneiras.

Pensando nisso, a professora Ediléa Dutra Pereira está coordenando o estudo “Zoneamento da susceptibilidade a infiltração da água nas áreas de recarga do aquífero Barreiras do manancial do Sistema de Abastecimento de Água do Paciência em São Luís“, com o apoio da FAPEMA, por meio do edital Universal nº 001/2013.

“O objetivo da pesquisa é zonear as áreas susceptíveis à infiltração para subsidiar políticas públicas para o uso dessas áreas com mediações para ações de sustentabilidade através de dispositivos legais”, conta a pesquisadora, que é doutora em Geociências e Meio Ambiente.

A cidade de São Luís, por exemplo, já possui mais de um milhão de habitantes. Para atender a toda essa demanda, a busca por água subterrânea de boa qualidade tem se intensificado. Vários núcleos urbanos como residências, indústrias, escolas, hospitais e outros são abastecidos com água de poços tubulares e escavados de forma regular ou complementar. “O uso intensivo e não planejado do solo, no entanto, tem provocado vários níveis de degradação ambiental, principalmente do solo e dos recursos hídricos. O homem vem ocupando os espaços geográficos indiscriminadamente, sem o prévio conhecimento de suas vulnerabilidades e potencialidades”, alerta Ediléa Pereira.

A criação de áreas de preservação ambiental tem sido uma estratégia para a conservação dos mananciais de água doce. Apesar disso, o problema está longe de ser resolvido. Segundo a pesquisadora, o uso inadequado do solo promove uma série de impactos negativos no meio físico que podem alterar significativamente a dinâmica natural da água em bacias hidrográficas como bacia do Rio Bacanga (Sistema Sacavém), Paciência (Sistema Paciência) e outras. “Esses impactos podem gerar erosão acelerada, assoreamento dos cursos de água, diminuição do volume de água, contaminação das águas superficiais e subterrâneas, aumento de impermeabilização no solo e perda das áreas de recarga de aquifero”, enumera.

O projeto, que é desenvolvido pelo Departamento de Geociências da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), através do Laboratório de Estudos de Bacias (LEBAC), busca também demonstrar a necessidade da conservação das áreas de recarga de aquífero Barreiras, consideradas áreas de sustentabilidade ambiental no Plano Diretor da Cidade de São Luis, além de elaborar uma proposta de uso para as áreas de recarga de aquífero a partir das informações geológico-geotécnicas e hidrogeológicas em uma linguagem acessível para os órgãos públicos Estaduais e Municipais como subsídio para orientar políticas públicas voltadas para a conservação e preservação desses recursos.

“Outro objetivo nobre desse estudo é difundir o conhecimento científico para a sociedade ludovicense acerca da necessidade da preservação e conservação das áreas de recarga de aqüífero”, conta Ediléa Pereira.

Como resultados, a pesquisa já constatou que a área de recarga (40-60 m de altitude), onde se localiza a porção superior da bacia hidrográfica do Rio Paciência, apresenta de muito alta a média susceptibilidade à infiltração com uma permeabilidade (propriedade geológica-geotécnica do solo de permitir a percolação da água entre os poros ou interstícios dos minerais) variável de 9,15 a 0,7 cm/h.

“Destaca-se que a permeabilidade do solo está diretamente relacionada às propriedades do solo, principalmente do primeiro horizonte do solo, como a estrutura, granulometria, macro e microporosidades no solo e a presença de vegetação. O uso e ocupação tende a promover um encrostamento do solo e/ou impermeabilização diminuindo consideravelmente a capacidade de infiltração de água no solo”, explica a pesquisadora, acrescentando que as medidas legais para preservar as áreas de recargas de aquífero tanto do Sistema Paciência e Sacavém, além de outros, se materializam no novo mapa de uso e ocupação e na revisão do Plano Diretor da Cidade de São Luís em discussão no Conselho da Cidade de São Luís- CONSID, do qual a pesquisadora é conselheira titular representando a sociedade civil, segmento instituição acadêmica UFMA.