Projeto busca melhorar a qualidade de vida de comunidades quilombolas e indígenas maranhenses

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Por Ivanildo Santos 27 de janeiro de 2015

1 guajajarasOs relatos das comunidades dos Guajajara e dos Awa da Terra Indígena (TI) Araribóia, dos Ka´apor e dos Awa da TI Alto Turiaçu, revelaram incursões ilegais e ataques de madeireiros em seus territórios.

Mesmo sem registro de confronto com moradores, ações desautorizadas como essas também aconteceram no Território Quilombola de Jamary dos Pretos.

Foram essas questões, aliadas com a preocupação com a qualidade de vida dessas comunidades e a intenção de oferecer algum apoio a elas, que suscitaram na criação do projeto de extensão, “Comunidades quilombolas e indígenas entre as Bacias dos Rios Turiaçu e Gurupi: Construindo agendas comuns, pela qualidade de vida”, coordenado pelo Prof. Dr. István Van Deursern Varga.

As informações analisadas foram acompanhadas pelo Núcleo de Extensão e Pesquisa com Populações e Comunidades Rurais, Negras, Quilombolas e Indígenas – NuRuNI, do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente da Universidade Federal do Maranhão – UFMA.

“A proposta do projeto é subsidiar e apoiar as comunidades em questão no processo de organização e mobilização para fazer frente, por meios legais, às ações criminosas planejadas, organizadas e perpetradas pelas madeireiras em seus territórios”, explicou István.

As atividades foram divididas entre a pesquisa bibliográfica e o trabalho de campo. Quanto à primeira, foram levantados os registros e arquivos da polícia, comarcas, jornais, produção acadêmica, entre outras; já o trabalho de campo, dividido em dois momentos, consiste na realização de um diagnóstico sobre as condições de vida das comunidades, orientado por uma abordagem etnográfica, na perspectiva da chamada “pesquisa-ação”, além do que deverá estabelecer contatos e reuniões com as comunidades para o planejamento e para a realização de oficinas.

Destaca-se que o trabalho está concentrado nas áreas da bacia do rio Turiaçu, na Amazônia maranhense, mais precisamente nas comunidades tradicionais do território quilombola de Jamary dos Pretos e nas comunidades do seu entorno, e também na Terra Indígena Alto Turiaçu, habitada pelos povos indígenas Ka’apor e Awa, distribuídos entre várias comunidades fixas e grupos nômades isolados (Awa).

O projeto ainda está em curso, mas já apresenta alguns avanços. “A pesquisa bibliográfica já se encontra bastante adiantada, com vários achados muito significativos, com destaque, por exemplo, para os da pesquisa de periódicos maranhenses que circulavam no início do século XX até a década de 1930, que tratam movimentos e incidentes envolvendo indígenas Ka’apor e Guajajara; camponeses e quilombolas, na região”, contou o pesquisador.

No que diz respeito à pesquisa de campo, muitas visitas as comunidades foram realizadas com a disponibilização de consultas clínicas e de enfermagem, como em Jamary dos Pretos.

“Esta primeira fase de nossa pesquisa de campo nos permitiu informar-nos melhor sobre os projetos e iniciativas já em andamento, dos próprios Ka’apor de modo que já pudemos oferecer, por meio deste projeto, apoio a várias destas iniciativas, e integrar de modo mais orgânico e sinérgico os objetivos e cronograma de nosso projeto com a comunidade”, afirmou István Varga.

Ele conta ainda que nesse aspecto da pesquisa foi possível a realização da “oficina de cartografia indígena”, da Associação Ka’apor, realizada de 17 a 21 de novembro de 2014, no município de Presidente Médici.

As informações coletadas ao final do projeto trarão subsídios fundamentais tanto para a história regional e do Maranhão, para o estudo das relações inter-raciais e inter-étnicas na região, quanto para as políticas públicas voltadas especificamente a essas comunidades, que vivem em condições muitas vezes desfavoráveis e críticas.

“O apoio da Fapema, claro, vem sendo fundamental para vários dos projetos que o NuRuNI vem desenvolvendo junto a essas comunidades”, declarou.

A Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão – Fapema apoiou tal projeto por meio do Edital de Apoio a Projetos de Extensão – AEXT, que tem como finalidade fomentar projetos de extensão, em conexão com a pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico, que sejam executados no Maranhão.