Língua Eletrônica vai auxiliar na detecção de alterações no leite consumido no Maranhão
O leite está presente na nossa alimentação desde o nascimento, e seja ele consumido puro ou como ingrediente para inúmeras receitas do dia-a-dia, ele é uma fonte de nutrientes indispensável para qualquer dieta. Entretanto, nem sempre a qualidade do leite ingerido está dentro dos padrões sanitários e químicos.
Motivado pelo desejo de ajudar a população de Imperatriz em relação a esse tema, o Prof. Dr. Daniel Duarte Costa, da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, está desenvolvendo uma nova ferramenta para testar a qualidade do leite consumido pelos maranhenses, uma Língua Eletrônica.
“As cidades vizinhas Açailândia e Imperatriz são responsáveis por aproximadamente 72% do leite produzido no Maranhão, logo ao decidir por uma linha de pesquisa mais concreta no curso de Engenharia de Alimentos decidimos explorar algo que é consumido em abundância, podendo ajudar a população de nosso estado”, conta o Prof. Costa.
Em 2014 uma ostensiva operação do Ministério da Saúde e da Polícia Federal mostrou índices alarmantes de contaminação do leite vendido em todo o país. Assim, o Prof. Daniel percebeu que estava mais do que na hora de começar com as pesquisas que ajudassem a revelar um pouco mais sobre as condições do leite que consumimos.
“De imediato entrei em contato com uma professora Engenheira de Alimentos (Drª Ana Lúcia Fernandes Pereira) e uma professora Química (Drª Elizabeth Nunes Fernandes), ambas fizeram grandes contribuições ao projeto”, comenta.
A língua eletrônica, quando concluída, provará amostras de leite para determinar se o produto está apto ou não ao consumo. Em caso de negativo, ela ainda identificará quais alterações foram feitas.
“Esperamos poder determinar pelo menos três tipos de adulterantes muito comuns no leite: hidróxido de sódio (soda cáustica), peróxido de hidrogênio (água oxigenada) e ureia. Estas adulterações têm como objetivo estabilizar o leite, principalmente após a diluição em água, evitando que estrague. Essas substâncias, além de tornarem o produto nocivo à saúde, também influenciam na redução do seu valor nutricional”, explica do pesquisador.
O trabalho é apoiado pela FAPEMA, por meio do Edital Universal de 2014. A equipe técnica coordenada pelo Prof. Dr. Daniel Costa (membro da Rede Nordeste de Bioteclogia) é composta ainda pela Profª. Drª. Ana Lúcia Fernandes, especialista em Análise Sensorial; pelo Prof. Dr. Allan Kardec Barros Filho, especialista em Estatística e reconhecimento de padrões; pela Profª. Drª. Elizabeth Fernandes, especialista em Análise de Fluxo e Eletroanalítica, e pela Profª. Drª. Adalea Marques, especializada em Eletrocatálise.
Além dos professores citados a equipe é composta ainda pelas alunas de Iniciação Científica Vanessa Ellen Silva, que auxilia na Análise Sensorial e Programação, e Thabata de Sousa, ligada à Análise Sensorial e Química Analítica
Daniel ressalta que o projeto é de suma importância para a consolidação das pesquisas do Centro de Ciências Sociais, Saúde e Tecnologia da UFMA, campus Imperatriz.
“O grupo de pesquisa Estudos Químicos, no qual nossa pesquisa está inserida, tem contribuindo para o aumento da produção científica na região, com artigos publicados e a fixação de docentes em Imperatriz”.
O objetivo é que o equipamento auxilie tanto produtores de leite e laticínios quanto os consumidores, por meio de análises físico-químicas em laboratório. “O sistema será automatizado utilizando inteligência artificial (redes neurais artificiais), o que vai permitir a qualquer usuário, com conhecimento básico em computação, operar a Língua Eletrônica”.