Prêmio FAPEMA 2014: as belezas e segredos da Ilha de Tauá-Mirim
Localizada a 20 km do centro de São Luís, entre o Estreito dos Coqueiros e a Baía de São Marcos, a Ilha de Tauá-Mirim, aonde só é possível se chegar por via marítima, ainda preserva ares rústicos e a simplicidade de uma comunidade que se sustenta por meio da extração de recursos naturais.
Para preservar essa riqueza, desde 1996, doze comunidades batalham pela implementação da Reserva Extrativista de Tauá-Mirim. A luta, no entanto, não tem sido fácil, já que esbarra no atual modelo econômico maranhense baseado no desenvolvimento.
Deparando-se com essa realidade, a estudante de História, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Tayanná Santos, sob a orientação do Prof. Dr. Horácio Antunes de Sant’Ana Júnior, desenvolveu a pesquisa “RESEX de Tauá-Mirim: alternativas ao desenvolvimento do Maranhão a partir da garantia de direitos territoriais de grupos sociais tradicionais”.
Com o trabalho, Tayanná e Horácio conquistaram o Prêmio FAPEMA 2014, na área de Ciências Humanas da categoria Jovem Cientista.
“O trabalho teve por objetivos analisar e classificar conflitos de cunho socioambiental referentes à disputa desse território, tanto por representantes de governos, de empreendimentos e por membros de comunidades residentes na área em questão”, explicou Tayanná, que é bolsista de iniciação científica pela FAPEMA.
De acordo com o orientador, essa pesquisa é um desdobramento dos trabalhos de investigação realizados desde 2005 pelo Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA), vinculado ao Departamento de Sociologia e Antropologia (UFMA).
“Esses trabalhos têm buscado levantar e compreender as principais consequências de projetos de desenvolvimento no Maranhão, principalmente no que toca às consequências ambientais e às alterações dos modos de vida de povos e comunidades tradicionais”, detalhou Horácio Sant’Ana, doutor em Ciências Humanas.
O pesquisador conta, ainda, que os resultados apontaram para uma profunda mudança da paisagem do Maranhão, com graves impactos ambientais, e para processos perversos de deslocamento de grupos sociais e povos tradicionais e de alteração de seus modos de vida.
“Os resultados apontam também para processos de resistências e luta por garantia de direitos territoriais e humanos, resultando em conflitos que se configuram como conflitos ambientais”, completou.
“Esta conquista representa o reconhecimento de um trabalho socialmente engajado nas lutas cotidianas de povos tradicionais que buscam a efetivação de seus direitos enquanto tais”, disse Taynná.
“Além disso, é o reconhecimento de uma pesquisa que não foi feita individualmente, mas através de pesquisas de muitos outros sujeitos inconformados com a atual realidade maranhense conflituosa e segregadora”, finalizou a estudante.