Caça indiscriminada à Jaçanã alerta para medidas de conservação da ave

Jaçanã
Por Ivanildo Santos 28 de abril de 2014

JaçanãRegistros dão conta de que, desde a década de 60, a caça de jaçanãs é uma prática costumeira, principalmente na Baixada Maranhense.

Além de uma forma de sustento, a jaçanã é uma tradição entre aquelas comunidades, sendo o arroz preparado com a ave, uma iguaria típica da região.

No entanto, a intensidade dessa caça, e a falta de ações voltadas para a preservação da jaçanã, preocupam tanto que levaram o Prof. Dr. Antonio Augusto Ferreira Rodrigues a desenvolver a pesquisa “Sustentabilidade e conservação da jaçanã Phorphyrio martinica (aves: rallidae): um recurso alimentar tradicional na Baixada Maranhense”.

“Com esse estudo, queremos conhecer a extensão dessa caça, em que municípios ela é mais frequente e em quais áreas seria mais interessante estabelecer um mapeamento de ocorrência e reprodução”, explicou o pesquisador, que recebe o apoio da FAPEMA por meio do edital REBAX.

Considerando o total desconhecimento do status populacional da jaçanã, devido à ausência de qualquer pesquisa eficiente sobre a sua dinâmica, Rodrigues considerou imprescindível o estudo dessa espécie do ponto de vista da sustentabilidade e conservação, assim como pelos fatores ambientais, sociais e culturais envolvidos.

“A grande ideia do projeto é descobrir se esse recurso a longo prazo pode ser exaurido de alguma forma. Embora saibamos que a caça é bastante localizada, que os animais não andam em bandos muito grandes e que os caçadores possuem uma limitação natural devido à dificuldade de acesso às áreas, as informações que temos é que as caçadas são muito extensas, chegando um caçador a abater de 40 a 80 exemplares a cada caçada”, justificou.

Durante a execução da pesquisa, Antonio Augusto Rodrigues percorreu a maioria dos municípios da Baixada Maranhense, fazendo um mapeamento da ocorrência e identificando as áreas de reprodução.jac3a7anc3a3-jacana-jacana-londrina-lago-igapc3b3

“A reprodução de toda espécie é garantida por lei, só que isso não vem sendo observado nessa região, já que a jaçanã, além de servir para alimentação, é utilizada como fonte de renda”.

Ações efetivas que prezem pela conservação e sustentabilidade da ave são cada vez mais urgentes, já que, além da caça indiscriminada, as chuvas estão cada vez mais escassas na região.

“As jaçanãs são completamente adaptadas a ambientes úmidos. Suas pernas alongadas são apropriadas para andar na vegetação aquática. Elas não sobreviveriam em áreas de seca. Em 2013, choveu muito pouco. Temos inclusive informações de que em alguns municípios, como Palmeirândia e São João Batista, os campos não encheram”, alertou o pesquisador.

Para Rodrigues, proteger a reprodução da jaçanã é a solução para a garantia de sua conservação.

“O ideal seria estabelecer períodos de caça, após o período de reprodução e eclosão dos ovos. A proteção desta reprodução garantiria uma taxa de renovação dessa população, ou seja, os indivíduos que nascessem agora iriam crescer, dentro de alguns meses migrariam com os adultos e voltariam para reproduzir nos anos seguintes”, detalhou.