Emoticons têm mudado percepção cerebral humana
Criados em 1982, a partir do Smiley, os emoticons passaram a integrar a nossa comunicação escrita e atualmente são elemento comum principalmente no dia a dia de quem conversa pela internet.
No entanto, um estudo publicado no periódico Social Neuroscience em janeiro deste ano defende que, mais do que a representação de uma novidade comunicacional, este tipo de linguagem surpreendentemente realizou mudanças em nosso cérebro, fazendo com que ele passasse a ter novas respostas neurais a partir de algo criado culturalmente.
“Emoticons são uma nova forma de linguagem que estamos produzindo”, diz o pesquisador Dr. Owen Churches da escola de psicologia da Universidade Flinders, na Austrália. “E, para decodificar esta linguagem, nós temos produzido um novo padrão de atividade cerebral.”
Método do estudo
Churches aponta que rostos representam uma forma muito especial, de um ponto de vista psicológico. Ele diz que, quando olhamos a imagem de uma face real, nós reconhecemos a posição da boca em relação ao nariz e aos olhos, e, como resultado, partes muito específicas do nosso cérebro são ativadas.
Querendo descobrir se o mesmo se aplicava ao olharmos uma face representada por emoticons, o doutor fez testes com 20 pessoas, mostrando a elas rostos reais, emoticons e caracteres sem sentido e medindo, através de eletrofisiologia, os padrões de atividades elétricas nos cérebros dos participantes.
“Não existe nenhuma resposta neural aos emoticons que seja inata, bebês não nascem com isto. Antes de 1982 não havia nenhuma razão para que “:-)” ativasse áreas do córtex sensíveis a rostos, mas agora há, porque nós aprendemos que isto representa um rosto”, diz Churches. “Isto é uma resposta neural a partir de algo completamente criado através de um processo cultural. É uma coisa realmente incrível!”
Por enquanto, só funciona com o sorriso-padrão
Apesar dos resultados em sua maioria positivos, as áreas cerebrais não reconheceram como uma face a forma invertida do smiley, deixando claro que esta percepção só vale para o formato-padrão, desenhado da direita para a esquerda — dois pontos, hífen, parênteses.
Curiosamente, o interesse do pesquisador no assunto surgiu por consequência de emails que ele frequentemente recebia de seus alunos e que incluíam emoticons no texto.