Conferência discute as relações entre o Supremo Tribunal, a mídia e a opinião pública no Brasil, na 65ª Reunião da SBPC
Começaram na manhã desta segunda-feira, 22, as conferências da 65ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, e durante toda a semana cientistas de todo o país debaterão temas relacionados aos mais variados assuntos, todos pautados pelo desenvolvimento de conhecimento e promoção da ciência.
Com apresentação de Maria Lúcia Maciel, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e SBPC, o conferencista Joaquim de Arruda Falcão Neto, da Fundação Getúlio Vargas/RJ, mediou o debate “Supremo, Mídia e Opinião Pública”. As relações entre as três esferas foram diagnosticadas através de questionamentos sobre como se comporta a opinião pública e o que tornou o Supremo Tribunal Federal pauta constante na mídia brasileira. “A função da ciência é tentar explicar esse fenômeno. E a resposta não é simples, mas temos alguns pontos que podem ajudar”, explanou o prof. Joaquim Falcão.
“A democracia no Brasil é recente, o Supremo nem sempre foi ativo, se calou na ditadura. O que países como a França realizaram ainda no século XVIII, estamos realizando apenas desde 1988, entretanto, somos o único país do mundo onde as decisões do supremo são televisionas ao vivo”, pontuou o conferencista.
Sob o mote já enraizado de que “decisão do Supremo são se discute, se cumpre” a conferência pôs em cheque a suposta blindagem à opinião pública. “As instituições precisam ser legitimadas e não apenas legais. Governos e tribunais podem ser legais e ao mesmo tempo não serem legitimados pela opinião pública. As denúncias da mídia impressa motivaram as manifestações públicas, que, por sua vez, foram amplamente divulgadas na TV e internet. É ilusão achar que a opinião pública, ao lado das mídias sociais e tradicionais, não influencia o todo poderoso Supremo Tribunal Federal”, analisou o pesquisador.