Pesquisa com técnicas de inseminação artificial busca melhoramento da raça de caprino
O interesse pela produção da caprinocultura no cenário brasileiro tem se destacado nos últimos anos. Prova disso é o aumento das exportações da carne de cabra e a busca de uma alimentação ainda mais saudável, já que a carne caprina possui menor teor de gordura, sendo inclusive mais magra até do que a carne de frango. Mas para chegar ao seu grau de excelência até a mesa do consumidor, o ideal é que a raça de caprino seja pura. No entanto, o pequeno produtor rural maranhense ainda possui rebanhos sem raça definida gerando animais com baixa eficiência produtiva, tanto de leite, como de carne.
Para reverter esse quadro, uma pesquisa desenvolvida pelo pesquisador da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Roberto Solano Ferro, visa fortalecer a renda do pequeno produtor rural local, melhorando o aumento da produção da carne ou leite utilizando técnicas de inseminação artificial. A pesquisa tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e tecnológico do Maranhão (FAPEMA) por meio do edital Universal. Para o melhoramento de características relacionadas à produtividade nos caprinos adaptados ao ambiente maranhense foi feito o cruzamento direcionado entre caprinos de raças puras com os caprinos sem raça definida, cuja fisiologia está adaptada ao ambiente quente e úmido onde vivem.
“Pegamos essas cabras sem raça definida, que estão propícias para fecundação, e fazemos o cruzamento com o caprino Boer (reprodutor de raça pura) altamente rentável cuja carne é caracterizada pelo baixo teor de gordura e pelo excelente sabor, melhorando a parte zootécnica dessas cabras. Para isso, estamos utilizando as técnicas de inseminação artificial, que consiste em resfriar o sêmen desse macho e depois de quatro ou seis horas, inseminar as cabras que estão sincronizadas. A técnica da sincronização do estro implica na utilização de tratamentos hormonais para induzir um maior número de fêmeas ao cio. Depois de 30 ou 45 dias das cabras inseminadas, realizamos o diagnóstico de gestação precoce através de ultrassonografia,” explicou o pesquisador.
Os primeiros resultados da pesquisa foram positivos. “Pode-se concluir que as cabras mestiças cruzadas com o reprodutor da raça Boer, demonstraram ganhos de peso em relação aos mestiços e tiveram suas crias com o desenvolvimento muito mais acentuado do que os cabritos de raça indefinida de mesma idade,” constatou Ferro. A intenção é levar a técnica a todos os pequenos produtores do estado constituindo assim não só um rebanho puro, mas sim um melhoramento genético para produção de carne e leite.
“Todo esse processo de técnicas de biotecnologia deve ser empregado para garantir o controle reprodutivo e o aumento do número de descendentes, diminuindo assim, o tempo entre um nascimento e outro, e aumentando a produtividade do rebanho. Essas biotecnologias devem ser incentivadas junto ao produtor rural como uma ferramenta para aumentar o desempenho desses rebanhos e, consequentemente, a melhoria da qualidade de vida dos pequenos produtores rurais”, afirmou Roberto Ferro.
De acordo com o Ministério da Agricultura, a criação de caprinos, com rebanho estimado em 14 milhões de animais, distribuído em 436 mil estabelecimentos agropecuários, colocou o Brasil em 18º lugar do ranking mundial de exportações. Grande parte do rebanho caprino encontra-se no Nordeste.
A população não só do Maranhão, mas do Brasil está cada vez mais exigente com relação à carne tanto bovino quanto caprino. No caso da caprinocultura, embora seja uma carne muito mais cara, ela é de fácil digestão, não possui efeito nocivo e a característica da proteína e do aminoácido é semelhante à carne bovina.