Pesquisador maranhense identifica caso raro de deformidade animal no mundo
Foi identificado pela primeira vez no mundo, um caso raro de mula com deformidade crânio facial. O quadrúpede foi analisado de forma pioneira pelo pesquisador do Centro de Estudos Superiores da Universidade Estadual do Maranhão (CESI/UEMA) e representante do polo da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), em Imperatriz (MA), Manoel de Oliveira Dantas, que atendeu a ocorrência na fazenda São Cristovão em um município do estado do Tocantins.
A visita à fazenda São Cristovão aconteceu por meio de um pedido do filho do dono da fazenda, que também é aluno de medicina veterinária da UEMA, para examinar a causa de algumas mortalidades de animais que ocorriam no rebanho vizinho, em Tocantins. Na ocasião, o médico veterinário Manoel Dantas registraria um caso inédito de deformação facial em mula. “Quando chegamos ao local, percebemos a dificuldade que o animal tinha para se amamentar. Aproximamo-nos da mula e tivemos a feliz sorte de confirmar essa patologia que apresenta características clínicas nunca vistas nessa espécie”, avaliou o professor.
O animal apresentava Wry nose, ou seja, nariz torto, que é um defeito congênito descrito na odontologia equina e constitui numa deformidade crânio facial que compromete estruturas, resultando diferentes graus de desvio lateral da face (pré-maxila e mandíbula, ossos nasais, dos dentes incisivos e do septo nasal), que compromete funcionalmente e esteticamente a boca do animal afetado.
Outra característica é o palato duro da mula, que se apresentava totalmente aberto, com o lábio superior fendido que comprometia a sua deglutição, tornando difícil a sua sobrevivência. “Tem uma característica clínica
que ocorre com maior desenvolvimento deformante em um dos lados da região rostral da face, a displasia da maxila, pré-maxila, promovendo um desvio lateral do focinho do lado displásico e outra característica registrada é que a língua se projetava em sentido oposto ao lado displásico, caracterizando a patologia”, afirmou Dantas. A displasia consiste na desorganização celular que provoca alterações de tamanho e forma.
Segundo a pesquisa, a ocorrência desse caso se dá devido ao mau posicionamento fetal durante o desenvolvimento gestacional no útero.
Para se ter uma ideia, no Brasil existem três casos registrados em equinos nos estados da Bahia e Pernambuco, mas nenhum caso de mula no mundo com aspectos de deformidade crânio facial, também definida de campylorrhinus lateralis ou, simplesmente, nariz torto.
O camulorrhinus lateralis é uma alteração congênita que ocorre nos ossos da cabeça, sendo caracterizada pela displasia unilateral da face, do comprometimento das regiões buco-maxilo-facial, podendo causar obstrução das vias aéreas superiores.
Essa mula foi gerada a partir do acasalamento de uma égua com um jumento que em parto normal teve esse animal com alteração facial esquerda e projeção da língua para o lado direito.
Devido à dificuldade de sucção, desidratação acentuada, o animal morreu após dois meses de vida, uma vez que, não conseguia se alimentar perfeitamente na teta em virtude da égua fugir de sua boca após as primeiras mamadas.
Além do professor Manoel Dantas, a equipe do CESI/UEMA é composta pelos acadêmicos do curso de medicina veterinária, Wandersom Marques Gomes, Ronilso de Sousa da Silva, Cássio Rodrigues Vargas, Jonas José da Silva Neto, Dourival Sipião da Silva Júnior, que juntos ao professor de clínica cirúrgica, Josivaldo Silva Motta contribuíram para fazer o registro da primeira ocorrência de camulorrhinus lateralis em mula de 30 dias de vida.