Governo do Maranhão apoia pesquisas ecológicas de longa duração em parceria com o CNPq

Por Claudio Moraes 10 de setembro de 2024


A submissão de propostas deve ser realizada na página do CNPq até o dia 20 deste mês


O Governo do Maranhão, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), vai apoiar financeiramente sítios de pesquisa ecológica de longa duração em ecossistemas no estado. O financiamento dos trabalhos vai ocorrer no âmbito do Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD) que conta, neste ano, com investimento de R$ 27 milhões para ações em todo o país. “Atualmente são 45 sítios apoiados, com abrangência de todos os biomas brasileiros”, ressalta Nordman. O prazo de submissão das propostas à Chamada CNPq/ CONFAP-FAPs/PELD Nº 23/2024 se encerra no dia 20 de setembro e deve ser realizada no site do CNPq.


“Essa ação de fomento é realizada em parceria com o CNPq e se destina a pesquisas ecológicas de longa duração, demonstrando o compromisso do Governo do Maranhão com a questão da sustentabilidade”, destaca o presidente da FAPEMA, Nordman Wall.

As propostas de sítio de pesquisa PELD em âmbito federal poderão solicitar um valor máximo de financiamento de R$ 550 mil. Desse montante, até R$ 300 mil poderão ser destinados a custeio e até R$ 250 mil a bolsas. Serão destinados, ainda, até R$ 300 mil para a contratação de um projeto de comunicação pública da ciência para o Peld, abrangendo tanto custeio quanto bolsas.
O cofinanciamento pela Fapema será de até R$ 300 mil por proposta de sítio aprovada, seguindo a ordem de classificação das propostas no estado. Tais recursos podem ser pleiteados em custeio, capital e/ou bolsas.

Para desenvolver a proposta de sítio PELD com cofinanciamento pela Fapema, o proponente deve solicitar um orçamento específico no modelo estruturado, acompanhado de justificativa sobre a importância dos recursos estaduais para a execução da pesquisa e os resultados esperados para o desenvolvimento científico e tecnológico do Maranhão no âmbito do projeto proposto.

As propostas de sítios PELD devem obrigatoriamente ser desenvolvidas nos biomas brasileiros e em conformidade com o conceito de pesquisa ecológica de longa duração e as diretrizes e nos demais termos estabelecidos na chamada pública.

Sobre o PELD no Maranhão


O PELD existe há 27 anos no país e busca promover a conservação da biodiversidade, o manejo sustentável dos ecossistemas e o reconhecimento pela sociedade da importância dos serviços ecossistêmicos e das contribuições da natureza para as pessoas. O objetivo é subsidiar modelos de desenvolvimento que considerem os direitos das atuais e futuras gerações ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida.

O novo ciclo do programa conta com a parceria estratégica do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP) tem como objetivo garantir a continuidade e o aprimoramento pesquisa ecológica de longa duração em ecossistemas brasileiros. Busca, ainda, ampliar a atuação do Peld em divulgação e educação científica, visando ampliar seu alcance social e o seu reconhecimento nacional e internacional.


A parceria com as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) de 23 estados, articuladas pelo CONFAP, remonta a 2012 e vem se consolidando e ampliando ao longo desses últimos doze anos.
Na última chamada, em 2020, o pesquisador da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Francisco Limeira, aprovou o projeto “Resiliência da biodiversidade na Reserva Biológica do Gurupi (Área de Endemismo Belém): bases para o entendimento da regeneração natural”.


A sua proposta atua na instalação de uma rede de parcerias de Pesquisa Ecológica de Longa Duração (PELD) na Reserva Biológica do Gurupi (Rebio Gurupi) onde é estudada a sucessão ecológica após fogo florestal intenso, em comparação com a floresta original conservada. “O objetivo principal é identificar como os distintos grupos biológicos contribuem para a resiliência da Reserva Gurupi e quais os principais elementos da biodiversidade envolvidos no processo de regeneração natural das florestas”, enfatiza o pesquisador.


Limeira é licenciado em Ciências pela UEMA, doutor em Ciências Biológicas (Entomologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e curador da Coleção Zoológica do Maranhão, o maior centro de documentação da biodiversidade do Nordeste.


No ano passado, Limeira divulgou na revista científica on-line Zootaxa, periódico internacional com editoria na Nova Zelândia, considerado um dos principais para taxonomistas na área de zoologia, a descoberta da ‘neorhinotora fapema’, como foi nomeada uma nova espécie de mosca descoberta em área periurbana do município de Caxias.


A pesquisa coordenada por Limeira também dialoga com a população do entorno para estabelecer as bases sócio-ambientais favoráveis à restauração na área e identifica as espécies endêmicas ameaçadas presentes na unidade de conservação (UC). “Essa informação é essencial para a conservação da biodiversidade na Rebio Gurupi”, afirma.


De acordo com o pesquisador, a Rebio Gurupi é a única UC de proteção integral na região e, apesar de ter sido classificada entre as mais desmatadas da Amazônia, conserva uma rica biodiversidade endêmica e ameaçada como um dos primatas mais ameaçados do mundo. Desde 2010, é palco de um intenso esforço de proteção e pesquisa científica por parte do ICMBio e das instituições de pesquisa da região.