Estudo avalia indicadores de riscos de desastres na Vila Embratel

Por Sandra Viana 3 de outubro de 2023

As probabilidades de ocorrências como deslizamentos e inundações atingem várias comunidades em São Luís e podem ser minimizadas com ações de contenção, a partir de políticas públicas direcionadas. Para avaliar estes riscos, a pesquisadora da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Andreza dos Santos Louzeiro, desenvolveu estudo pautada na análise de áreas no bairro Vila Embratel. A pesquisa ‘Avaliação de risco de movimento de massa: proposta de sistematização de indicadores de exposição física em análise microlocal, aplicada ao bairro Vila Embratel, São Luís – MA (Brasil)’, foi tese de seu doutorado e recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA).

“Estudos desta natureza trazem dados técnicos importantes para auxiliar os gestores na elaboração de políticas públicas direcionadas ao planejamento urbano e à prevenção de desastres. Milhares de pessoas, que vivem em áreas de risco, podem ser beneficiadas. Parabenizo a pesquisadora pelo tema tão pertinente e presente em nosso estado e a FAPEMA se orgulha em poder apoiar estudos que tenham impacto direto para os maranhenses”, ressaltou o presidente da fundação, Nordman Wall.

Com o trabalho, a pesquisadora buscou produzir indicadores de risco de desastres, deflagrados por movimentos de massa (população), em escala microlocal. A base do estudo de caso foi área localizada no bairro da Vila Embratel, considerada histórica de riscos de desastres, por apresentar processos relacionados a movimento de massa. As informações têm base em relatórios da Secretaria de Proteção Civil de São Luís e da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia.

No processo da pesquisa, ela observou que a atribuição de categorias, indicadores e variáveis na análise de risco, em nível microlocal, se mostrou eficaz para identificar se a região é mais precária, em termos de estrutura pública (saneamento, infraestrutura, qualidade e quantidade de habitações) ou em relação aos elementos físico-naturais (geologia, geomorfologia, pedologia). “O resultado dessa investigação tem potencialidade para auxiliar no direcionamento de políticas públicas mais adequadas e assertivas para a prevenção e mitigação de micro desastres”, informa a pesquisadora.

Concluído o trabalho, os resultados e potencialidades da investigação foram apresentados à Defesa Civil municipal. Palestras, minicursos, publicações de trabalhos em eventos e revistas do Brasil, capítulo de livro na editora da Universidade de Coimbra, Portugal e na revista internacional International Journal of Disaster Risk Redution (IJDRR) são outros frutos da pesquisa. A IJDRR é um periódico de altíssimo fator de impacto e visibilidade internacional.

“A FAPEMA teve importância fundamental para a execução desse trabalho, pois, foi a instituição financiadora que custeou. O meu muito obrigada a essa instituição que viabilizou financeiramente meu título de doutora em Geografia”, enfatizou Andreza Louzeiro. A pesquisa, tese de doutorado, durou quatro anos e todas as etapas, desde a estadia em Natal, às periódicas passagens aéreas para a viabilização do trabalho em campo, dos materiais necessários para entrevistas com os moradores e realização de análises ambientais, foram possíveis com apoio da fundação.

Para o orientador do trabalho, Lutiane Queiroz de Almeida, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a bolsa de doutorado financiada pela FAPEMA, fez toda a diferença na formação e na qualidade da pesquisa realizada. “O Maranhão merece parabéns pelo grande investimento em ciência e tecnologia, principalmente por contribuir, diretamente, para redução das desigualdades sociais, ao possibilitar aos estudantes o avanço em suas formações e somar no desenvolvimento humano, de forma ampla e, sobretudo, na mudança social em suas próprias famílias”, pontuou.

A pesquisadora vai apresentar o estudo às secretarias municipais de Meio Ambiente (Semam), Obras e Serviços Públicos (Semosp), Urbanismo e Habitação (Semurh), Secretaria de Estado da Infraestrutura (Sinfra) e Prefeitura de São Luís, para subsidiar políticas públicas de contenção aos riscos de desastres na Vila Embratel e outros bairros. Outra proposta é a produção de cartilha educativa sobre o tema, a ser distribuída aos moradores.

Análise de região

Para o estudo, a Vila Embratel foi dividida em 12 setores. Foi constatada possibilidade muito alta para desastres – tanto quanto a exposição física, quanto pela estrutura pública. A inundação foi dada como provável e de risco alto, na Primeira e Segunda Travessa Seis de Abril, 11 e 12; quanto ao movimento de massa, foram encontradas possibilidades nas ruas São Pedro, Bom Jesus e na Travessa São José; e com maior vulnerabilidade social e propensa à inundação, o estudo apontou a rua São Félix.

“Estas áreas consideradas prioritárias necessitam de intervenções estruturais em saneamento básico, infraestrutura, muros de contenção, e ainda, ações não-estruturais, que referem a projetos educacionais”, avalia Andreza Louzeiro. O trabalho também pode ser referência para aprimorar o mapeamento de risco de desastres no Brasil, e em outros países com características ambientais e sociais semelhantes.

Texto: Sandra Viana

Fotos: Divulgação