Ministro Haddad encerra SBPC com aposta na pós-graduação
Os reflexos das políticas de educação sobre a produção de ciência e tecnologia, no Brasil, devem surgir a partir da inserção de mais professores em programas de pós-graduação. A projeção é do ministro da Educação, Fernando Haddad, que proferiu conferência, nesta sexta-feira (30), na sessão de encerramento da 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Natal/RN.
O ministro defendeu um plano ambicioso, para os próximos anos, nas políticas públicas de educação, baseado nos avanços já alcançados no setor. Esse plano teria como diretrizes a instituição de um piso salarial para os professores, equivalente ao recebido por outras profissões de nível superior, e a formação continuada dos docentes (graduação e pós-graduação). “Precisamos garantir que as metas de qualidade sejam mantidas”, enfatizou o ministro.
Atualmente, de acordo com Haddad, somente 30% dos professores da Educação Básica possuem mestrado ou doutorado. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) está incumbida de organizar o sistema de formação continuada dos docentes brasileiros. “Temos ainda professores sem curso superior. Formação de professor é questão de Estado, por isso tem que ser gratuita e de qualidade”, reconheceu o ministro, que apontou a criação da Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), em quantidade e valor igual ao do Programa de Bolsas à Iniciação Científica (PIBIC) – cerca de 20 mil bolsas – como estratégia exitosa de atração de novos alunos às licenciaturas.
Haddad acredita em um ciclo de investimento que comece, ao mesmo tempo, pela base e pelo topo. “A educação não pode ser fragmentada em etapas. A pesquisa de ponta, por exemplo, interessa à educação básica, portanto, os investimentos devem alcançar todos os níveis”, afirmou o ministro, antes de enumerar os avanços do setor nos últimos cinco anos, período que está à frente do MEC.
Segundo dados do Ministério, o número de universidades dobrou, estendendo-se por aproximadamente 200 municípios do país, com a criação de 100 novos campi. As vagas duplicaram e hoje chegam a 250. As 140 escolas técnicas da Rede Federal foram transformadas em Institutos Federais, que atualmente somam 354 campi. “Somos responsáveis por 2% da produção científica do mundo, mas temos condições de figurar entre os dez que mais produzem ciência”, garantiu Haddad.
SBPC em números
A 62ª Reunião Anual da SBPC, que aconteceu em Natal, entre os dias 25 e 30, teve 11.268 inscritos na Programação Sênior, oriundos de 625 cidades de todos os estados e do Distrito Federal. Foram apresentados, na sessão de pôsteres, 5148 trabalhos de pesquisa.
Setecentos conferencistas participaram de 72 conferências, 61 mesas-redondas e 26 simpósios. Houve 2.979 inscritos para 62 minicursos. Na SBPC jovem, foram 10.649 participantes, ao longo da semana. A EXPOT&C, onde estava o stand da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), recebeu, diariamente, seis mil visitantes.