CNCTI propõe sustentabilidade para o setor de ciência e tecnologia

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Por Ivanildo Santos 26 de maio de 2010

Brasília / DF – Começou, na manhã de hoje (26), em Brasília, a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), que indicará caminhos para a construção de políticas de Estado de consolidação e aprimoramento científico, tecnológico e inovador do Brasil, com sustentabilidade. A primeira sessão de discussões já sinalizou a importância que a temática do desenvolvimento sustentável terá na proposição de um modelo de políticas públicas e de engajamento das empresas para setor de CT&I.

Para Bertha Koiffmann Becker, da Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ), que esteve na plenárcncti2ia “Novos Padrões de Desenvolvimento via Inovação”, o estado está assumindo a responsabilidade de pensar no meio ambiente. Centrando sua apresentação na conservação da Amazânia, Bertha defendeu a atribuição de valor econômico pela manutenção da floresta amazônica em pé. “O potencial natural da Amazônia deve ser utilizado para gerar empregos e renda, sem destruir”, afirmou.

A palestrante sugeriu a articulação entre o complexo verde e o complexo de cidades. “O novo papel do cientista não é mais só de descobrir, inovar e implementar técnicas. A ciência deve ser vista como instituição que fortalece o Estado, esclarecendo a nação”, enfatizou Bertha.

“Foi a ciência e tecnologia aplicadas à produção do campo que possibilitou a colocação do país como terceiro maior exportador de alimentos”, argumentou o representante da Embrapa, José Geraldo de França. O desafio agora é assegurar essa produtividade de maneira sustentável. Nesse ponto, houve unanimidade quanto a diretriz a ser seguida: investimento em ciência, tecnologia e inovação  de ponta.

Representando as empresas e indústrias na plenária, o presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), Pedro Luiz Barreiros Passos, advertiu sobre a situação brasileira no cenário das exportações mundiais. “O Brasil vem crescendo em exportações de recursos naturais, que são processados com muita tecnologia sim; mas o país ainda é visto no comercio internacional como de baixo conteúdo tecnológico a oferecer”, ressaltou.

Passos chamou atenção também pPortal_Fapema_1ara os riscos e oportunidades que a exploração do pré-sal trará ao Brasil. Na opinião dele, esse recurso deve ser utilizado como uma poupança para a melhoria da qualidade de vida da população. O presidente do IEDI defendeu, ainda, que a sociedade não seja complacente com a limitação da economia exportadora a uma só commodity, gerada pela extração de petróleo no pré-sal.

Partidário da produção de inovações como fator de crescimento das exportações, Passos reconheceu a falta da cultura inovadora nas empresas e cobrou mais integração entre pesquisas e empreendimentos. “Precisamos de mais combinação com quem produz a inovação relevante, aquela que produz riquezas”, destacou.

Dessa mesma integração, o presidente do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), Márcio Pochmann, acredita que devem sair as políticas industriais de redução das incertezas de investimento. “O setor privado tem que aprender a incorporar as inovações produzidas nas academias. É isso que vai gerar um ambiente de crescimento”, disse Pochmann.

A CNCTI será realizada até a próxima sexta-feira (29). Participam da conferência a diretora-presidente da Fapema, Rosane Nassar Meireles Guerra, e membros do corpo técnico da fundação.